terça-feira, 5 de junho de 2012

Aconchego



Acordar pensando e dormir sonhando com a mesma pessoa. O lento arregalar de olhos que acontece pela manhã vem acompanhado pelo desejo constante da presença do outro, do simples calor emanado pelo corpo cujas vibrações fazem o coração bater mais forte e a alma se sentir completa. Se separar fisicamente com a vontade tão grande de estar juntos novamente, vontade que chega a ser maior do que si mesmo. 
O mar de afeto que é o amor une-se à mente, porque eternamente, é ter na mente. Amor eterno é terno. Ternura tão doce quanto açúcar de confeiteiro, cuja intenção é encantar com sabores a delícia que é amar. 
Toques capazes de arrepiar os pelos e passar pelo corpo como uma corrente elétrica sujeita a curtos circuitos. Mãos perdidas que se encontram em um cruzamento de dedos, cuja união reflete a vontade de obter a impossibilidade da separação.
Pensamentos capazes de provocar sorrisos e lágrimas, sejam elas de alegria ou de saudade. Ah, a saudade! Esse bichinho que não se cansa de cutucar o coração por todos os lados, fazendo com que ele fique tão apertado que o peito quase não aguenta, a ponto de explodir. 
O momento em que começa-se a experimentar a intimidade que só se tem com determinada pessoa, aliada à confiança e ao respeito. Palavras que só os dois entendem, vocabulário composto na maioria das vezes por neologismos, quase um dialeto. 
Segura a mão e não solta mais, nunca mais! Junta os peitos e sente os corações baterem simultaneamente, une os lábios e entra em sincronia até que o movimento das horas peça pra parar. Não deixa de dançar essa valsa que é amar, une as coxas e compõe o movimento. Enrosca pescoços e sente o pulsar do coração no ritmo da música. Chega mais perto, se curva como uma concha que acabou de sair do mar, redondinha. O jeito é torcer pra que o fim da música nunca chegue, aconchega.