Nós temos o
costume de viver com pressa, desesperados para alcançar lugares cada vez mais
altos em um tempo cada vez menor, surtados em atingir metas que talvez não
caibam em nossas realidades, agoniados em realizar nossos sonhos sem sequer
dormir. O ponto é que, caso não alcancemos os nossos objetivos no tempo que
determinamos, tendemos a nos julgar insuficientes para eles e deixamos de
acreditar em nosso potencial, tão instantaneamente quanto acreditamos nele
antes de fracassar.
O fracasso é
inerente ao crescimento, porque com ele aprendemos o quê e onde podemos
melhorar para, enfim, alcançar nossos sonhos. O grande problema é que
convivemos com a instantaneidade de vidas constantemente felizes exibidas no
Instagram e no Facebook, mural dos méritos e conquistas medidas por likes, de
modo que esquecemos que por trás dos @ existem pessoas que choram, fracassam,
viram a noite... elas só não contam.
Com isto,
tendemos a crer que todos devem alcançar o determinado sonho no determinado
momento, porque a vida nunca deixa de ser esse desespero cronometrado em metas exibidas
em redes sociais, esquecendo de que o momento de cada pessoa é intrínseco a ela
e à sua própria realidade, diferente da minha, da sua, do outro.
Nada disso é
uma crítica: é apenas um lembrete (pra mim e pra você). Um lembrete para não
desacreditar dos seus sonhos porque o Fulano já conquistou os dele e está em
Nova Iorque curtindo as férias, enquanto você continua batalhando pelos mesmos
sonhos. Os seus sonhos são seus e o seu momento vai chegar também.
A realidade
por trás das lentes dos celulares traz à tona pessoas que, possivelmente, sofreram
muito antes de chegar “lá” (e para elas talvez isto ainda não seja “lá”), mas que
costumam mostrar só a parte boa, sem as lágrimas, sem os dias sonolentos após
as noites não dormidas, sem o medo. Mas a vida real é o que é, e precisamos
amarrar um barbante no dedo indicador para lembrar disso sempre, sob pena de
surtos de ansiedade constantes.
Alcançar
sonhos requer sacrifícios e a medida do sacrifício depende da perspectiva de
quem passa por ele. O que todos sempre esquecemos é que cada pessoa tem o seu
tempo, a sua resistência, o seu ritmo... o seu momento. A nossa rotina regida
por prazos peremptórios nos faz esquecer de que, se não der certo, a gente pode
tentar de novo, e de novo, e de novo, até chegar “lá”, onde quer que fique o
seu “lá”. Coragem, reseta o videogame, tenta de novo, você vai passar essa fase.
