segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Traz de volta meu amor, por favor!


Ela é a pior dor existente
Aperta o peito sem nenhum fim
Ela é cruel e muito valente
Por que ela faz tão mal para mim?

Oh, saudade! Que corta meu peito,
Traz lembranças que quero esquecer
Oh, saudade! Não dei o direito
De me matar e me fazer sofrer

Leva pra longe de mim tua foice,
Que corta meu amor em pedaços
E traz à tona os meus desleixos

Leva pra longe de mim essa dor
Que arranca lágrimas de lamento,
Só se tiver teu amor me contento

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O fim está próximo



Depois de acordar, tomava um café da manhã bem reforçado enquanto sua mãe colocava em sua lancheira o suquinho e o biscoito pro lanche na hora do recreio. Escovava os dentinhos e vestia o uniforme, praticamente roupa de boneca de tão pequeno. As bermudas que, mesmo sendo pequenininhas não se ajustavam ao seu corpo e ficavam meio largas, a blusa do uniforme e os cabelos bem trançados presos ao final com um laço. Os livros que reduziam-se a contos infantis e tarefinhas básicas de matemática, e a mala de rodinha decorada com algum personagem de desenho animado.Chegava na escola e já saía correndo ao encontro dos seus colegas, as brincadeiras confundiam-se entre pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão, ou qualquer outra coisa que a criatividade que só as crianças têm poderia proporcionar. Tanto capricho pela matina era desnecessário, já que mais tarde ela chegava toda borrada de tinta, cabelos desgrenhados e a camisa completamente suja por causa de tanta danação.
O tempo foi passando e a menina foi crescendo, junto com ela todos os seus amigos, alguns seguiram caminhos diferentes, outros continuaram juntos. Com o tempo vieram as notas vermelhas, as broncas, as bagunças em sala que só quem um dia já passou pela escola sabe como são. Risadas incontroláveis pelos motivos mais bestas, fotos em sala de aula, danação com os professores, cópia dos deveres de casa, esboços de maquiagem no rosto para o que estava começando a se tornar uma mulher.
Entre xingamentos e lamentações, depois de um tempo ir pra escola está se tornando apenas saudade, algo que ficará na lembrança, o presente que já é quase passado. Uma vida inteira escrita dentro da classe, quase quinze anos vivendo apenas de aulas, risadas e despreocupação. Com o tempo, todos começam a entender que o glamour da vida de gente grande simplesmente não existe.
Uma pessoa que viveu sempre dentro das cercas da escola e ainda não aprendeu a conviver com a ideia de viver fora dalí, principalmente porque não sabe como é viver assim. Por mais horrível que fosse acordar seis horas da manhã, passar um rímel no olho e ir pra escola praticamente amarrada, ela prefere essa vida do que enfrentar os monstros do cotidiano dos adultos.
Está chegando ao fim, uma etapa de sua vida está terminando pra vida de verdade chegar. Daqui pra frente, como será? Emprego, obrigações, estudos triplicados, contas pra pagar... é a hora em que o passarinho sai das asas do pai e precisa aprender a voar. Deixar pra trás tudo e, de um dia pro outro, tudo o que foi sua vida se resumir em apenas uma palavra: memória.