domingo, 12 de abril de 2015

Gota


De todos os clichês que eu já escrevi, os que eu escrevo pra você são os mais sinceros. Não importa quantos “eu te amo” eu deixo subentendidos nas minhas frases, mas quantos eu deixo subentendidos em cada sorriso, em cada abraço, em cada dia. Nenhum texto meu será páreo para o que eu sinto. Nunca serei capaz de agrupar palavras condizentes com a dimensão do meu sentimento. Minhas frases nunca serão tão grandiosas quando comparadas à vida real ao seu lado.
De todas as histórias que eu já escrevi, a minha preferida passa longe das teclas do computador, porque eu não escrevo sozinha. Todos os dias, somamos uma estrofe à nossa Epopeia.
Pouco importa a grandiloquência das palavras de Homero na Ilíada e na Odisseia ou das de Camões n’Os Lusíadas se, modéstia à parte, o meu coração vibra de maneira deveras épica ao beijar os teus lábios.
Não me importo com quantas guerras Napoleão Bonaparte venceu, já que o meu herói é você. Todos os dias você guerreia com as desgraças miseráveis do dia-a-dia só pra me fazer feliz e, Napoleão que me desculpe, você trava uma guerra com estratégias de mestre (e sem dúvida não vai acabar exilado).
Pouco ligo pra Guerra Fria se entre nós é tudo sempre tão quente. Eu escalaria o Muro de Berlim me esquivando de tiros se você estivesse do outro lado me esperando. Sairia de Portugal pra descobrir o Brasil se você por aqui estivesse pronto pra fazer escambo. Se aqui não te encontrasse, daria a volta no continente africano e iria até as Índias te procurar. Por você, eu atravessaria o Oceano Atlântico numa corda bamba e faria triatlo da Austrália até o Chile.
Nós somos a prova de que nem toda química está na tabela periódica. Nosso amor cresce em progressão geométrica, em razão da felicidade que proporcionamos um ao outro.
A galáxia é desdenhosamente minúscula quando comparada à grandiosidade do nosso amor. Todas as estrelas do céu não chegam aos pés da luz que você trouxe à minha vida. O Sol é uma simples luminária quando comparado ao brilho dos seus olhos. O campo magnético terrestre é um imã de geladeira quando comparado à nossa atração. O deserto do Saara é bem pequenininho quando está ao lado do seu sorriso. O mar é um copo d’água comparado às lágrimas que derramo agora ao lembrar-me do bem que você me faz e do quão enorme é o que nós vivemos, mesmo que comparado ao quão minúsculos nós somos. Juntos, somos maiores do que tudo.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Dez



Foi só eu me distrair pra você, de repente, 
Desfilar na minha frente com aquele seu ar desajeitado 
Eu me desarmei, desabei 
Desconstruí a muralha de defesa que havia em meu desértico coração
Primeiro, desejei que fosse tudo uma miragem e desdenhei da sorte 
Mas você me desafiou a acreditar que aquilo era o desjejum da desilusão 

Desatinei a desenvolver prosas e poesias
Desvaí meu sentimento em doses denominadas versos
Desengavetei a vontade de desvendar 
E descobri em você a destreza do destino

Em demasia te agradeço pelos dez meses juntos
Pelos dez números que você conta antes de perder a paciência comigo
Pelos dez abraços apertados que me dá quando estou desnorteada
Pelos dez centímetros que você se inclina pra alcançar meus lábios
Pelos dez dedos cruzados nos meus
Pelas dez horas rindo todos os dias
Pelos dez semestres da faculdade
E, por favor, multiplique-os

(os semestres da faculdade não)




Poesia dedicada à Lucas Mácola, por ser minha inspiração para escrevê-la.