Já é Copa do Mundo outra vez, o tempo passou
tão rápido que nem parece que faz tanto tempo que eu apostei que o Neymar faria
o primeiro gol da Copa de 2014 e ganhei. Ganhei a aposta e teu coração, em que
pese termos pedido a Copa de lavada. A derrota para a Alemanha em 2014 foi
inversamente proporcional ao quanto deu certo o primeiro gol do Neymar, pois cá
estamos até hoje, recebendo uma nova Copa, vibrando pelo Hexa.
Em quatro anos de mergulhos profundos na
queda livre que é o primeiro amor maduro, aprendemos mais sobre a primeira e a
terceira pessoas do singular. Nós, como pronome pessoal reto e como
substantivo. Nós que atamos ao longo desses quatro anos vividos juntos.
A criação dos mais diversos modelos de
utilidade nessa (re)invenção que é compartilhar a vida com você. Ir sempre ao
mesmo restaurante e pedir o mesmo hambúrguer com cebola crispy e batata canoa e
nunca enjoar, porque cada dia escrevemos um parágrafo diferente da nossa
história (e esta frase é deveras clichê, admito).
O amor é clichê. A temperança de viver um
amor tranquilo é perfeitamente concretizada no seu abraço ao deitar com a
cabeça no travesseiro antes de dormir e contar todas as histórias que vivemos
no dia, ao saber que você chegou em casa pelo jeito que você faz barulho subindo
as escadas ou, até mesmo, ao instigar seu sonambulismo só pra contar o que você
disse no dia seguinte e a gente dar boas risadas de nós mesmos. O amor clichê é
gostosinho como um suco de laranja doce, porque milkshake demais enjoa e suco
de limão sem açúcar requer um certo esforço.
Depois de quatro anos, eu já mudei de cabelo
mil vezes e você nunca usou all star, você já comeu uvas e eu continuo odiando
tomate, eu aceitei o fato de que você é um metaleiro que gosta de Ivete Sangalo
e você aceitou o fato de que eu gosto de um pagodinho só para variar a playlist
habitual do Djavan, você não usa mais aquela blusa que eu odeio listrada com
branco e eu evito tomara-que-caia porque você não curte, você ainda não leu a
saga Harry Potter e eu continuo me atrapalhando pra conversar em inglês, mas a
gente continua falando palavrão, apesar de ter tentado parar várias vezes. Algumas
coisas mudam, outras não, o que é bom para saber quem somos agora sem esquecer
quem éramos ontem.
Eu tenho sorte por ter encontrado nos seus
olhos o verde mais bonito que já vi, perfeitamente enquadrados pela moldura
preta dos seus óculos que escolhi. A gente é o perfeito casal que dá certo de
primeira na comédia romântica, o que faz com que o filme seja sem graça e doce
demais, mas que encaixa perfeitamente com a nossa história, porque arrisco
dizer que somos a Lily Aldrin e o Marshall Eriksen da vida real.
O nosso amor é tão concreto que o “eu lírico”
desta prosa é assumidamente eu, aqui, ouvindo sua respiração ao dormir,
pensando que já são 5h30 da manhã e nós temos que acordar daqui a pouquinho. O
ponto é que acredito que a data comemorativa merece seu registro no meu
santuário, e meu santuário é aqui. O Hexa eu não sei se vem, mas o nosso amor
vai bem.
