Nosso olhar não havia se encontrado a manhã inteira, eu estava aflita e as tuas provocações já me deixavam fora de mim. Ouvir a tua voz era como água com açúcar, acalmava-me saber que estavas por perto, mas também era como pimenta, pois atiçava os meus nervos e pedia para que eu tomasse alguma atitude.
Eu chegava perto, a minha vontade era estar cada vez mais próxima. Sentir teu aconchego, cheirar teu pescoço e mordiscar tuas orelhas. Eu te queria, queria sentir o teu toque percorrendo a minha nuca e trazendo meus lábios mais próximos aos teus. Eu queria sentir a tua respiração, sentir o entrelaçar dos teus dedos em meus cabelos e a tua lingua nua pela minha boca.
Dentro da piscina, um dia quente finalizado com uma ventania a tarde, os ventos troxeram-te pra mais próximo de mim. Trocávamos carinhos e eu sentia o palpitar do teu coração junto ao meu, era como se pulsassem como um só prontos para sair voando sem limites pelo céu, rumo ao infinito.
O azul piscina fundia-se ao verde dos teus olhos, e eu me perdia nessa imensidão de cores frias. Era como se eu pudesse adentrar na janela da tua alma pelo teu olhar, frio e enigmático. O vento tornava-se mais abundante, tremíamos pelo frio, e a única saída à procura do calor era fundir nossos corpos e trocar calores, seja pela física ou pela emoção, a realidade também fazia parte do que sentia o coração.
Eu me sentia amparada, queria teus braços envoltos de mim para sempre, desejava eternizar aquele momento para nunca esquecer o teu cheiro e a forma como a tua boca encostava na minha. Meu desejo incessante era curtir contigo momentos especiais e verdadeiros. Correr pela grama, tropeçar e rolarmos juntos como se o mundo fosse feito apenas daqueles momentos, e cada grão de terra significasse os minutos que teria ao teu lado. Eu multiplicaria a terra, faria dela um deserto só pra te manter mais perto.
Agora estamos distantes, a frieza dos teus olhos verdes ainda inebria-me. A única maneira de reverter essa situação é partir, rumo a um novo deserto, novos olhares para a minha perdição, já que o teu, sei que não terei mais e nem teu amor sentirei novamente. Novos olhares e novas viagens para o desconhecido, sem certezas e nem clarezas. Pois a certeza entedia, já a incerteza, paixão irradia.



