domingo, 13 de setembro de 2015

Travesseiro


Em um piscar de olhos, estávamos em frente àquelas ondas enormes e azuis, tombando incansavelmente e molhando nossos pés na areia. Ele ameaçava me molhar, eu fugia, até que ele, de repente, me jogou em seus ombros e saiu correndo em direção à maré. A praia era nossa, assim como a vida inteira que tínhamos pela frente. O céu azul morno entregava o anoitecer. A lua e o sol disputando quem reinaria sobre nós.
Noutro dia qualquer, estávamos discutindo sobre a decoração do quarto. Eu me recusava a aceitar a bandeira do Flamengo estendida na parede e ele não admitia o cobertor do Corinthians. Eu ria do fanatismo dele e ele estava tentando conter a braveza pelo meu desdém. Ele me segurou forte pelo braço e me jogou na cama, rimos um do outro e eu acabei aceitando a bandeira. Ele não aceitou meu cobertor do Timão.
No dia da formatura, eu e ele comemorando mais uma etapa vencida. Girando pelo salão, rodeados por gente vestida de vermelho e ele tropeçava no meu vestido. Eu ficava aborrecida, mas ignorava só de ver aqueles olhinhos verdes pedindo desculpas e rindo.
Nosso primeiro apartamento, longe de ser localizado na área nobre da cidade. Ele chegou cansado, deixou os sapatos na porta e jogou o terno amarrotado em cima do sofá. Perguntou o que tinha pra comer e eu respondi: “miojo ou arroz de microondas”. Ele riu, levantou, veio até a pia e me agarrou pela cintura. Encostou a testa na minha e olhou dentro dos meus olhos. Não precisou dizer nada, eu sentia o mesmo. Era forte. Sempre foi. Ainda é. Sempre será. Uma das poucas certezas que temos é o que sentimos um pelo outro. Comemos nosso miojo, felizes, e ele ficou encarregado de lavar a louça, como bom ajudante que é.
Na verdade, nós ainda estamos começando a caminhar em nossa vida acadêmica. Sonhamos acordados com tantos momentos singulares como os que foram narrados outrora. É impossível não sonhar com o futuro quando o presente é tão bom ao lado de alguém muito especial. Ele está aqui, dormindo, com feição calma e tranquila e a cabeça descansada em minhas coxas. Eu, acabei de abrir os olhos depois de um cochilo. Enquanto o sol se põe, penso que talvez sejamos uma espécie de conto de fadas do mundo moderno. 
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