Enquanto
Maurício mordia os beiços com ciúmes de Sophia, seu concorrente dava um passo à
frente a cada dia. Os bilhetinhos anônimos deixados entre os pertences de
Sophia realmente estavam surtindo efeito. A cada dia Marcos deixava um vestígio
de que ele era o anônimo, pena que Sophi era muito lesadinha para entender as
pistas.
Um
dia a letra da carta, no outro, o perfume borrifado no papel, no outro, a
citação de alguma frase que Sophia gostava bastante... Assim Marquito ia
avançando, e por incrível que pareça, estava conseguindo alcançar seu objetivo:
deixar Sophia confusa.
Entre
os beijos que Sophia dava em Maumau, havia aquela dúvida: quem era o anônimo
apaixonado? Por que ele não se revelava? Sophia vasculhava sua memória para
saber de quem era aquele cheiro que os papéis das cartas possuíam. Ela conhecia
mas não se recordava de onde, de quem.
O
grande problema de toda a situação era que mesmo Sophia estando confusa e
demonstrando estar, ela não assumia e não diminuia o tempo que passava ao lado
de Maumau. Isso dificultava o meu trabalho e de Marquinhos, que estava mais
determinado do que nunca.
Estávamos
na hora do intervalo, no pátio. Sophia sentada nas mesas da cantina com
Maurício, os dois afogados naquela melação usual. Enquanto eu e Marquinhos
estávamos na direção deles, ao redor da árvore central da escola. Conversávamos
normalmente, como todos os dias, até que uma sensação assustadora tomou conta
do meu corpo inteiro, perpendicularmente a isso, um frio na barriga, um arrepio
nas pernas e um ponto de interrogação em minha cabeça. Marcos estava me
beijando. Eu senti uma tremedeira, uma fogueira se acendeu na minha barriga e o
mais incrível era: eu estava gostando.
Depois
do beijo inesperado, a minha cara de “quê?” era mais nítida do que o céu azul
em uma manhã de verão sem chuva. Depois dalí, não ousei perguntar para Marcos
se havia algum grilo desesperado que acabou deixando tudo desarrumado dentro da
cabeça dele. Fiquei quieta, na minha.
Sophia
nos olhava pelos cantos dos olhos. Não demonstrava emoções, apenas havia
deixado de lado qualquer vestígio de amor cheio de mel, e seu rosto passou a
ser ocupado por uma expressão de ameaça, indagação... ciúmes.
Continua...


