domingo, 17 de maio de 2015

No escuro?


Melancólicos, eles não conseguem enxergar quem dança sem se importar se a luz está apagada ou acesa. Eles, assustados, sentados continuam com receio de encostar uns nos outros. São incapazes de admirar quem se diverte sozinho entrelaçando os pés e tropeçando vez ou outra. Quem prefere permanecer inerte a dançar é incapaz de conhecer o próprio corpo e descobrir que o limite vai além do que se vê.
Mesmo que as luzes se acendam, eles preferem continuar imóveis, pois música alguma escutam. Por não ouvirem sinfonia, acreditam que não há sentido em rodopiar ao som da melodia que o ouvido de cada um cria, conforme sua imaginação. Eles são incapazes de libertar um pouco os braços e movimentar um tanto as pernas e, infelizmente, julgam e condenam quem se liberta a ponto de fazê-lo.
Eles não são sensíveis para apreciar uma valsa sem som ou um tango no escuro. Por isto, continuam sempre colados no chão de pernas cruzadas, ouvidos tampados e olhos vendados, pois a luz sempre esteve acesa e a música nunca deixou de tocar, mas eles são incapazes de sentir, pela frieza de um coração mecânico. Os que dançam não se importam em tropeçar, pois sempre arrumarão um jeito de se pôr de pé e continuar a coreografia não ensaiada.
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