As histórias de amor são tão distintamente iguais. Há algo de especial em cada uma delas, mas todas parecem ser parte de um pout-pourri maluco de comédias românticas, salvo uma diferença: os finais. Nos filmes, depois de muita luta e chororô, ouve-se uma música feliz e estimulante e o mocinho beija a donzela. O filme termina, as luzes acendem, todos seguem suas vidas achando que um dia poderão viver uma comédia romântica. Não, não poderão. O amor reserva sempre um final: o (in)feliz. Esse sentimento é um bicho doido, mas doido mesmo, daqueles que morrem porque perderam a noção na hora de dosar.
Tudo começa com uns goles de destilado aqui e ali. Presa encontrada, olhares cruzados, palavras trocadas. Além das palavras, trocam telefone, facebook, seguem no instagram. Depois de algumas conversas no whatsapp, os mais suscetíveis ao poder do álcool vão perdendo o equilíbrio lentamente, caindo na tentação de amolecer o coração. Os reflexos comprometidos fazem com que o cidadão perca a noção do perigo. Vai se entregando, sem pensar no porvir.
Até que, lá pela meia-noite, surge um bolo. Um bolo meio misturado, acompanhado de marijuana. Como sempre, tudo começa com aquela famosíssima sensação de bem-estar e euforia, típica dos estágios iniciais dos relacionamentos. O tempo passa mais vagarosamente, assim como quatro beijos podem parecer ser vinte. Novamente, perde-se o equilíbrio. Alucinações de palavras não ditas e sentimentos euforicamente novos causam o constante apetite voraz pela outra pessoa, gostinho de quero-mais, sensação também conhecida como larica.
Em seguida, o sextasy causa, além dos efeitos colaterais do ecstasy, a fissura física. Não há a necessidade de entrar em detalhes, já que, logo depois, a coca sente-se no dever de causar o aumento da pressão arterial, taquicardia, e uma fissura viril.
Tudo seria muito bom e muito bonito se continuasse nesse rumo. Mas não, o bicho amor não deixa por menos, ele gosta de "surpreender". O relacionamento começa a desandar, lá se vai uma dose de LSD. Alucinações (que de doces não têm nada) são responsáveis por brigas e brigas, que acarretam a perda de apetite. Noites mal dormidas levam à sonolência do sujeito, burro, que se meteu nessa roubada (eu avisei).
O relacionamento perde o gosto e termina. Separadamente, resolvem retornar para o velho álcool. Às vezes vivenciam um ou outro flashback. Sentem saudades. Ambos querem se livrar da saudade, esta puta que cobra barato, mas no fim do programa assalta a sua carteira e te deixa na cama dormindo. Esticam o braço, miram na veia e compartilham a seringa, injetam doses cavalares de heroína. A overdose faz com que um seja companheiro do outro (no necrotério). Ah! Eu bem que disse: o amor é uma droga.