terça-feira, 25 de outubro de 2016

Areia movediça



O despertador toca incansavelmente: é hora de levantar do sofá na zona de conforto e bater perna em algum lugar por aí. Tão difícil é espanar a poeira que acumulou nas calças durante tanto tempo sentado e perseguir novos objetivos. Pra quem se acostumou a estar sentado, é deveras doloroso abrir mão do certo e aceitar um duvidoso.
Todo o brilho se foi, as flores murcharam, a vontade sumiu e a desmotivação se instaurou no organismo. Os pés estão presos à raízes invisíveis, impedindo o resto do corpo de voar. Quiçá mais confortável é sonhar deitado no sofá, mas de que adianta sonhar e não ter forças pra levantar e realizar? Um dia ouvi que, se fosse pra sonhar, deveria ser de olhos abertos, para não cochilar e esquecer de concretizar.
Invisível até para mim mesmo. Desacreditado dos dias melhores e das reviravoltas. Cansado da rotina, fatigado das ladainhas. Exausto do primeiro fio de cabelo ao dedão do pé. Quão maior eu poderia ser se nem eu mesmo acredito em meu fermento?
Dividido pela ânsia de conquistar o mundo e a âncora do medo. Tolhido pela tolice de não tentar, não arriscar. Superestimando minha covardia e aceitando a verdade inverossímil da incapacidade que criei em minha cabeça. Atolado até a cintura nessa areia movediça chamada fracasso.
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