Percorri seu pescoço com graciosos beijos em câmera lenta, mordiscadas na orelha fizeram-me subir um pouco mais, seu brinco de pena de pavão esvoaçava e batia levemente em meu rosto, até eu desviar para o lado e nossos lábios se conectarem. Seus cabelos voavam e faziam uma dança louca nos ares, chicoteavam em nossas bochechas e emaranhavam-se em meus dedos. Vez ou outra, abria os olhos de relance para espiá-la, tão linda à luz do luar.
Minhas mãos realizavam curvas perigosas em alta velocidade. A mudança de solo era constante, mas não havia tempo para parar e tirar a tração, seguíamos naquele rally inusitado: algodão, pele, algodão, pele... Seu corpo com planaltos e depressões tornava tudo muito mais interessante.
Nossas pequenas pausas nos faziam observar o quão lindo estava o céu, as estrelas nos observavam atentamente. Cada movimento era motivo pra aplausos, já que estávamos sob a luz dos holofotes da galáxia. A trilha sonora era a água salgada batendo na areia úmida.
O vai e vem das ondas era como...
Pele sobre pele por cima da toalha, as estrelas despediam-se, tristes por ter que ir embora antes do fim do espetáculo. O céu ganhava um tom de azul claro, carregando um leve alaranjado. Laranja suave, da cor de seus cabelos. A luz fraca do amanhecer fez-me ver suas sardas, seus olhos castanhos e o quão espetacularmente linda estava exibindo aquelas olheiras de uma noite não dormida.
Acordei e conferi o celular ao lado da toalha, esperando por uma ligação a noite inteira. Nenhuma ligação perdida. Sob a luz do alaranjado percebi que foi bom sonhar.