Ainda sinto meu nariz percorrer o seu pescoço e inspirar de leve o aroma do seu sabonete. Sinto o seu cheiro macio percorrer as batidas aceleradas do meu coração, nessa sinestesia maluca que chamam de amor. Vez ou outra, ouço sua voz aveludada falando meu nome bem baixinho ao pé do meu ouvido. Às vezes, apesar de tentar evitar, abro a gaveta e fico observando a sua camisa que ficou comigo. Remexendo minhas coisas, de vez em quando encontro uns rabiscos que trocamos. Ainda posso escutar a sua risada, digna de quando eu falava coisas sem sentido que só você ria. Em alguns dias, posso até sentir seu abraço e encostar minha cabeça no seu peito. Às vezes, até tento lembrar a sua altura comparando com as pessoas que passam na rua. Algumas madrugadas abrigam os meus risos contidos, causados pela lembrança das nossas piadas internas.
Por mais que eu tente fugir, por mais que eu tente evitar, por mais que eu tente esconder: você ainda está aqui, comigo.