sexta-feira, 2 de maio de 2014

Verde iridescente



O sol acordou e cintilava. O astro rei do Sistema Solar emanava luz, calor e novidade. Desde o sábado, eu imaginava aqueles lábios rosa queimado e esperava pelo momento de experimentá-los. Tomei os cadernos pelo braço e fui para a parada de ônibus ao som de Here Comes The Sun.
Coloquei os pés na faculdade e caminhei rumo à minha sala, tudo como em qualquer outro dia prosaico. Foi então que meu celular apitou e, como quem foge de uma aranha caranguejeira, sorrateira e discretamente, fugi da aula para vê-lo pela segunda vez.
Caminhamos um ao encontro do outro e nossos rostos dimanavam sonolência. Chegamos à beira do rio e, finalmente, seus lábios cor de uva encontraram o caminho até os meus.
Sentamos na beira, as árvores dançavam ao nosso redor, o vento era o maestro da sinfonia daquela terça-feira. Seus dedos enroscavam em meus cabelos enquanto minhas mãos agarravam-lhe a nuca. Na faculdade não poderíamos estar, estávamos alhures, dois estranhos conhecidos.
Pausas curtas nos permitiam olhos nos olhos, seu verde estava sincronizado com o verde das plantas, da grama, do rio e da minha camisa. Tudo fazia parte de um estranho conjunto mistagógico. Ele levantava o queixo e me olhava por cima, de modo que sua pálpebra ficava meio aberta. Juntamente, levantava as sobrancelhas de um jeito espontâneo e engraçado, enquanto o vento atrapalhava a minha apreciação jogando meus curtos fios de cabelo sobre meus olhos.
Não havia necessidade de trilha sonora, o bater das folhas tomou para si essa função. O sol tornava hipnótica a miscelânea de contrastes. Depois de muitos sorrisos largos e olhares por cima do queixo, nos despedimos e guardei no bolso uma história que merecia ser escrita.
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