quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Adeus, mamãe!


Ela acena para mim como se nunca mais fosse me ver. Primeiro lacrimeja, depois transborda em lágrimas incontroláveis. Seu peito aperta como se o coração fosse uma esponja perdendo água, e transborda, transborda em saudade de quem já foi um dia a sua filhotinha. Saudade daquela criança de olhos castanhos e cabelos desgrenhados, que corria pelo quintal só de calcinha brincando com os cachorros. Saudade de ver o crescimento da sua filha, porque agora ela já é crescida.
Não, ela ainda não saíu de casa. Aliás, o corpo dela ainda não saiu. Mas a cabeça já se abriu para o mundo, os olhos já alcançam milhas e milhas de distância de casa, e o coração, ah! O coração dela pertence a um garoto. Além dele, o coração dela também é da literatura, da música clássica, dos amigos, da família... de tantas coisas que não é possível lembrar de todas.
Ainda não saíu de casa, mas já pode chegar ao sol apenas olhando para ele. Ele lá em cima, loiro, brilhante e ardente. Ela deseja um dia ser similar a ele, exceto pela parte do loiro, a morenice dela a satisfaz. Ela quer sair de casa, dar um adeus breve e brilhar mundo afora. Brilhar com palavras e sentimentos, seus talentos mais sinceros. 
Grita! Grita menina, porque você é grande! Bem maior do que pensa. É capaz de viajar tão longe, mesmo estando estagnada no mesmo lugar. Dá o ar da sua graça escrevendo, sendo você mesma, você mesminha desse jeito meio estranho, porém original.
Original, por que? Não imita, não segue padrões, sinceramente, você não precisa disso. Quem imita, limita-se. Limita-se por ser quem não é, apenas uma cópia. Se cópias fossem realmente valorizadas, os produtos da 25 de março seriam um tanto quanto mais caros, certo?
Ah, ela quer sair para o mundo, mostrar quem é, não precisar usar capas e nem máscaras. Ela diz: "Eu sou eu, e pronto, é só isso". Ela agradece grandemente a todos, mas agora precisa abrir as asinhas e voar bem alto. Subir, subir, subir e deixar todos estarrecidos com um voo tão esplêndido. o que ela tem a dizer? "Adeus, mamãe!"

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meu reflexo


Segredos, confissões, amores, maldades, comentários, brincadeiras, piadas, malícias, desejos, decepções, alegrias... tudo guardado em um baú. Baú lacrado a sete chaves, feito de um tipo de madeira inquebrável e resistente à qualquer coisa. Nunca se abre, apenas para quem depositou o segredo nele. O nome desse baú tão valioso é melhor amiga.
Existem amigas divididas em diversas especialidades: para dar risada, se exercitar, estudar, fofocar,  desabafar... E existe uma amiga, é a especializada em todas as atividades, a melhor amiga. 
Aquele olhar cativante, falas sinceras, risos espontâneos e personalidade intrínseca. É encantadora só de olhar, e se ouvir, acaba se apaixonando e querendo roubá-la para si. Parece papo de gente apaixonada, mas sou apenas uma amiga orgulhosa por chamar a outra de melhor.
Ela sempre sabe exatamente o que dizer, na hora certa para fazê-lo. Dá os melhores conselhos e as piores broncas. Sempre quer o meu bem, e se não gosta de algo, briga, xinga, fala, mas continua me apoiando seja no que for.
Sede o ombro para lágrimas, e o tempo para desabafos. Será que emprestaria um pouquinho da alegria que a ela pertence? Me ensinaria a ser "gente grande" como ela é? Tenho muito o que aprender com essa menina-mulher. Nos conhecemos há anos, e é como se fosse a vida inteira. Realmente suspeito que tenham nos dividido no berço do hospital. Talvez fôssemos gêmeas idênticas siamesas, mas não, somos irmãs fraternas. Somos diferentes (e muito), não há como negar, mas ela é o meu reflexo. Imagem virtual invertida, mas o detalhe que faltava para completar a minha coleção pequeníssima de pessoas essenciais em minha vida. 
Ela vai à luta, me defende com a espada da lealdade e o escudo da fidelidade. Eu faço o mesmo, sou capaz de lutar contra tudo por ela. Escuta minhas asneiras, e solta algumas também. As conversas e confissões de madrugada não seriam as mesmas se não fossem com ela. 
Não importa se ela mora longe ou perto, se gosta de rosa e eu de azul, ou qualquer outro gosto oposto que possa existir entre nós, sempre daremos um jeitinho para nos entender e fazer da nossa amizade, o complemento que faltava. Sou um verbo transitivo e ela meu objeto, porque sem complemento, o transitivo fica sem sentido, assim como eu sem ela. Por mais clichê que seja, agradeço todos os dias por meu caminho ter chuzado com o de uma tão idiota, tosca, feia, gorda e... incrível, e que posso chamar de minha, minha melhor amiga. 



Dedico esse texto a Marcela Guimarães, a minha melhor amiga.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O gerúndio do verbo amar


O gerúndio do verbo amar é infinitivamente maior que a verbalização de um substantivo abstrato, ultrapassa qualquer limite gramático, morfológico ou sintático.
O gerúndio de amar é capaz de representar inúmeros verbos, adjetivar o amante como louco, e para o amado, perfeição é pouco. A voz passiva e ativa unidas em uma só voz: a do coração apaixonado, maluco desvairado.
Inconsequente, um amor de verdade não há ser humano lúcido que aguente; Apaixonado, um coração cego, completamente alienado; Teimoso, não há o que faça desistir o coração amoroso.
A primeira pessoa do singular ama a terceira pessoa. Sempre os artigos serão singulares e jamais indefinidos, o plural se resume a dois seres humanos e um turbilhão de emoções.
O substantivo abstrato "amor" é a gradação da loucura, prosopopéia do coração, sinestesias incontáveis e indescritíveis. O amor é repleto de metáforas, e para ele não há eufemismo, todas as emoções são incontrolavelmente intensas.
Enfim, o amado é esférico, meio real, meio imaginário, o amante é o narrador personagem de uma história imprevisível de tempo psicológico. O gerúndio do verbo amar: amando, tentando resistir a algo surreal, ameaçador e repleto de aventura.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Band-aid

Ele chegou apenas como um amigo distante, foi se aproximando, até que a sua presença tornou-se essencial para a minha felicidade. Ele veio em meio a uma turbulência, trazendo consigo um galinho verde de oliveira, logo compreendi que o que estaria por vir era o arco-íris.

Eu esperava o momento de vê-lo todos os dias, aquilo me preenchia de uma maneira inexplicável. Mesmo ainda distantes, era como se algo no olhar daquela pessoa chamasse pelo meu nome, era como ler os olhos dele e não ter certezas, apenas expectativas.

E a cada conversa, eu lia os enigmas, tentava entender os significados das entrelinhas. A cada vez que eu pensava nele, eu imaginava se ele estaria pensando em mim. Em cada música que eu ouvia, eu sentia um pouquinho dele. E isso me intrigava, trazia a mim perguntas, dúvidas.

Fomos nos aproximando, até que o seu lábio encontrou o meu no vácuo do acaso. O acaso criado por dois corações adolescentes. A partir daí, foi como se um fósforo fosse aceso na escuridão, e mesmo que a chama fosse pequena, chamava bastante atenção.

Depois disso, a tendência foi pensar nele mais e mais, sonhar com ele, incluí-lo nas minhas orações, e sentir aquele aperto no coração, aperto de preenchimento.

Amor preenche, mas é vazio. Preenche de dúvidas, mas as respostas são dadas num tempo indeterminado. Amor é amá-lo cada dia mais, e odiá-lo por cada minuto que passa longe de mim. Amor é sentir vontade de amar mais, mesmo sabendo o risco desse amor. Amor é o mais complexo de todos os paradoxos, e o mais lindo de todos.

Desde então, meus olhos brilham cada vez que eu o vejo. A cada dia que passo eu o acho mais perfeito, não por suas qualidades ou defeitos, apenas o acho perfeito, perfeito pra mim. Eu suspiro cada vez que penso em como ele é maravilhoso. Escrevo, canto, choro, imagino, sonho, odeio, amo... e todos os outros verbos conjugados na primeira pessoa.

Vem aquela pontadinha de ciúmes, pra apimentar. Mas sinto que ele é meu, sinto que a mesma quantidade de afeto que dedico à ele, é dedicada a mim pelo meu amado. Mas de qualquer forma, cuido e cativo, como se fosse um jardim, e eu precisasse regá-lo todos os dias.

Em meio a uma imensidão de palavras, sentimentos e atitudes, acabo não conseguindo lembrar tudo o que ele consegue me proporcionar. Só sei que amo, amo por demais. Ele veio para curar meus males, cicatrizar feridas, e se não cicatriza, as esconde, me fazendo esquecer que um dia elas existiram. Eu o amo, meu amor, meu band-aid.

Queremos falar! Alguém deixa?

Sabe quando você para pra pensar na sua vida e vê que as coisas estão totalmente de cabeça para baixo? É como se você tivesse todas as peças para montar um quebra-cabeça, mas nenhuma das peças se encaixam, mesmo fazendo parte do mesmo jogo. E é exatamente nesse momento que você para, pensa e se pergunta: como vou conseguir encaixar as coisas, se a natureza das peças é diferente?

Pois então, tire isso dos joguinhos da infância e aplique na vida de "gente grande". Como você deseja "encaixar" as pessoas, se elas são de naturezas diferentes? As pessoas foram educadas para pensar, falar e agir de maneiras diversas, sendo assim, nem sempre o que eu penso é o mesmo que você, ele e ela pensam.

Mas você já parou pra pensar se essas pessoas que divergem o pensamento com os seus são pessoas próximas? A conclusão é: as decisões que elas tomarem irão influenciar a sua vida. E você poderá impedí-las de tomar tais decisões? Sinto muito, a resposta é: nem sempre.

Há famílias mais radicais, em que os filhos não podem expressar o que pensam sobre determinado assunto. Também há famílias totalmente liberais, onde o filho fala, manda e não há quem conteste. Há também aquelas meio-termo, escuta um pouco, mas tudo tem o seu limite. E no que isso influencia? Em praticamente tudo na situação. Porque falando, se você fizer uso do poder argumentativo poderá mudar a decisão, ou parte dela.

Sabe o que pedimos? Voz, conversa e compreensão. Talvez se nos deixassem falar, poderíamos melhorar situações, unir nossa família e até mesmo desfazer mal-entendidos, só o que nos falta é oportunidade. Se falamos, somos tachados de "respondões", e quando algo fora dos planos acontece, ainda querem ter o direito de reclamar que não tínhamos exposto o nosso pensamento. Como? Praticamente tudo o que falamos é deturpado. Fazem de uma foto, uma caricatura.

Podemos argumentar tão bem quanto um adulto. Narrar de uma maneira incrível, já que somos bastante criativos. Somos capazes, temos voz e personalidade, digam "não" ao ato de generalizar os adolescentes como rebeldes e adjetivos do gênero. Somos jovens, mas também temos cérebro, sabiam?

sábado, 22 de outubro de 2011

Ele bate à porta. Você vai atender?




Ele bate à porta, chama pelo teu nome, não adianta se recusar a abrir, ele vai arrombar, vai entrar mesmo sem ser convidado e vai ficar mesmo não sendo bem-vindo. Ele vai chegar quando você menos esperar, e se você não der atenção, tudo trabalhará contra você, ou melhor, a favor dele.

Ele chega te oferecendo as melhores coisas do mundo, atenção, carinho, dedicação, felicidade, declarações de... Opa! Declarações de que? Dele mesmo, do tão esperado (e temido) amor. Amor, seu mal-educado! Quem te chamou aqui? Ele é como uma feiticeira, vai te seduzindo, seduzindo, até você ceder e se assumir como um apaixonado.

No começo é como andar sobre nuvens, se alimentar somente de algodão doce e tomar banho em rios de chocolate. Metáforas estranhas, se você não gosta de algodão doce ou de chocolate, adapte conforme o seu gosto. O que realmente quis dizer, é que no começo tudo são flores, e acabo de esbarrar em outra metáfora.

Mas, o que é da descrição do amor sem as metáforas? Enfim, voltando ao foco, quando um relacionamento começa, não há problemas, não há feridas que não possam ser curadas e não há momentos que sejam ruims. O problema é quando começa a garoar (no sentido metafórico, de novo), se você não tomar cuidado, essa garoa vira chuva, tempestade, tsunami.

E é aí que as pessoas ficam com a cabeça atordoada e soltam coisas como: "eu te acostumei mal" ou "eu te dei muita moral" ou coisas do gênero. E sabe o que acontece? Acontece aquilo lá que todo mundo conhece muito bem: desilusão amorosa.

Quando você está com alguém, qualquer palavra dita pode construir um castelo e desmoroná-lo logo em seguida. As palavras tem uma força que normalmente as pessoas desconhecem, ou subestimam.

Amor, ele também traz maturidade, um aprendizado que poderá ser levado para outros relacionamentos, sejam eles de amor ou de amizade (não que amizade também não seja amor, enfim, vocês entenderam).

O amor é um idoso, já experiente e cheio de histórias pra contar; e também é um adolescente desengonçado, que não sabe o que fazer e nem o que falar.

Sem a pessoa amada, minutos passam vagarosamente, as palavras ficam sem sentido e os pensamentos... Ah, os pensamentos! Estão sempre nele ou nela, sempre relembrando, ou imaginando, ou programando... amando. Verdadeiros malucos, lunáticos, iludidos... felizes. Não adianta, quem ama fica feliz com coisas pequenas, mínimas.

Todos os antônimos possíveis num sentimento só. Sensações indescritíveis, momentos memoráveis, pessoas inesperadas podem ser a sua metade... Depois de tudo isso (toc, toc), ele bate à porta. Você vai atender?


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desconfie até da Sra. Confiança




Algumas vezes nos deparamos com situações esquisitas, em que não se sabe o que é o melhor a fazer. Nos sentimos inseguros, sozinhos e sem rumo, e acabamos recorrendo a crenças, familiares ou amigos.Pra quem tem fé, confiar no ser superior é a melhor solução. Se o problema é totalmente inviável, amigo, recomendo-lhe que recorra a uma entidade espiritual, porque poderá pensar: o que será melhor para mim irá acontecer, e se o que eu quero acabar não acontecendo, é porque não era o melhor para mim.

Já para os que recorrem aos humanos, meros mortais, dou-lhes uma dica: desconfie de todos. O seu familiar pode não conseguir segurar o segredo e contar para outro familiar, aí chega no ouvido dos seus tios, em seguida primos, e assim por diante.

E vocês, que confiam nos amigos? Eu confio também, não há como negar, como disse Tom Jobim "é impossível ser feliz sozinho". Mas nós, que confiamos em quem está ao nosso redor, muito cuidado. Repito (em negrito e sublinhado): muito cuidado.

O nosso maior porto seguro pode desmoronar, a luz do farol apagar e... acabamos por vencidos nessa maré de descontentamento que é a vida.

O que tenho a dizer? Desconfie até da Senhora Confiança, ela? Ela te engana, te faz acreditar que as pessoas são de caráter bom, faz você confiar, compartilhar e... o seu companheiro acaba compartilhando com os outros o que era só de vocês. O que tenho a dizer à todos? Boa sorte.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Megalópole




E essa rotina cansativa, abundante em ironia, talvez não muita harmonia, e uma quantidade significativa de cansaço. Cansaço das pessoas, dos dias e noites, das horas e minutos que ora passam correndo, ora se rastejando. Cansaço do trânsito nas ruas, as filas nos bancos e os altos preços nas contas do final do mês. Cansaço da ironia das pessoas, das palavras pronunciadas com uma inocência hipócrita, e capazes de acertar corações como uma flecha acerta o alvo. Cansaço dos extremos, porque nem sempre pouco é precário, e muito significa qualidade, às vezes pode até ser o contrário. Cansaço de olhar os mesmos rostos, mesmo que diferentes, tornam-se todos iguais e insignificantes à medida que as pálpebras caem e a boca insiste em bocejar. Bocejar por nada acontecer, bocejar por tudo acontecer rápido demais e por vezes a capacidade que cabe ao homem ser incapaz de acompanhar. Um bocado de cansaço de tudo, esse tudo que é nada, uma canseira nem sempre noturna. Diurno e noturno, hoje, que diferença faz?

Ela está de volta

Ela está de volta com suas palavras, lamentações, alegrias, dúvidas, críticas, textos, histórias... Ela está de volta pra contar e encantar. Ela está de volta para fazer com que as pessoas dêem risada, ou transbordem em lágrimas. Está de volta aprimorada e em novo visual.

Ela sou eu, eu estou de volta. Se é talento, eu não sei. Se é habilidade, também não faço a mínima ideia, só sei que preciso continuar traduzindo o que eu sinto.

Estou de volta, espero agradar com a repaginada. E desejem-me boa sorte!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mesmo em meus pesadelos você é meu sonho

Naquela tarde eu estava fora de mim, já havia desistido de qualquer romance e a minha metade racional, incrédula e fria, já estava tomando conta de tudo, de meus pensamentos, e pior, de minhas atitudes.
Eu corria pelo parque ao som de músicas que faziam-me sentir bem. Não permitia-me mais relacionar as letras românticas e os acordes musicais a nenhuma pessoa concreta. O cheiro que exalava não lembrava-me mais o perfume dele, para mim não passava do aroma das flores do parque municipal.
Minha mente perdeu a densidade do cotidiano e começou a sobrevoar o meu futuro, indagando quais seriam os frutos das sementes que plantei no passado.
Passado próximo, talvez mais próximo de mim do que eu mesma imaginava. Meus passos intensificavam-se, assim como a velocidade do meu pensamento, paralelamente às batidas do meu coração.
Uma, duas, três gotas... desabou a chuva pela qual eu esperava, e junto com ela vieram as verdades as quais eu precisava aceitar. Com tudo isso comecei a sentir o aroma do seu perfume e avistei os seus olhos.
Ali estava você, sentado na grama. As gotas da chuva escorriam pelo seu rosto, o destino para elas era a sua boca, e era exatamente lá que eu desejava estar.
Sentei-me ao teu lado, já não me valiam mais as verdades ilusórias que eu havia criado para mim mesma, se quando eu estava ao teu lado eu era o ser mais frágil, e também o mais protegido.
As gotas da chuva em teu rosto refletiam os teus olhos, e estes refletiam a mim mesma, molhada, insegura, desprevenida e loucamente apaixonada.
Ainda apaixonada por ti, ainda não tinha superado o terremoto emocional que me causaste e abalou meu coração. Até que novamente mexeste com minhas placas tectônicas passando a mão pela minha coluna e enroscando teus lábios nos meus.
Naquele momento meu coração disparou e dissipou meu medo. Eu te queria, te desejava, queria mais perto de mim a tua roupa molhada. Teus lábios macios e com gosto de hortelã. Teu pescoço encharcado exalando perfume masculino de maçã. Tu puxaste meu cabelo, com avidez e suavidade. Naquele momento não me restavam mais dúvidas: você ainda era a minha cara metade.
Abri meus olhos e acordei daquele sonho inesperado. Eu estava com a minha nuca deitada sobre o teu colo, fazíamos um picnic no parque e o pôr-do-sol irradiava o que eu sinto por ti. Amor, amizade, confiança, e mais uma mistura de sentimentos nobres. Senti a pele de teus lábios reais, cruzei meus dedos com os teus, a minha vontade era parar o tempo e ali permanecer para todo o sempre.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Utopia

Basta de romances mal terminados,
Basta de lágrimas soltas ao léu
Basta de manter corpo, coração e mente machucados
Basta dessa ilusão de amor que não sai do papel

Já chega de viver uma mentira mal contada pela vida
Se o que realmente me fez sorrir foi o brilho dos teus olhos
Já me basta dessa utopia que o amor se tornou
E agora novamente aqui estou, triste, derrotada, partida

A quantidade de letras que utilizo em meus versos
É compatível com o quanto meu coração foi virado ao reverso
Olho-me no espelho e só encontro um único caminho
Eu mesma andando ao lado de minha felicidade

Felicidade solitária,
Apenas ao lado de amigos
Já cansei de ser otária
Agora, resolvi correr outros tipos de perigos