quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Da série: Primeiro amor - 10


Episódio 10

O casal continuou extremamente feliz. Algumas briguinhas de vez em quando, mas nada de extraordinário. Maurício, com seu olhar cinzento, conquistou o mundo colorido de Sophia. Era notável a mudança em ambos. Maurício parou de se esconder atrás de toucas ou capuz, Sophia passou a ser mais quieta.
Sophi se afastou dos amigos por passar mais tempo com o namorado. Obviamente, todos sentiam falta dela, ela era a estrela do grupo, a líder. Sem ela éramos como uma república sem presidente, um tribunal sem juíz, uma escola sem professores... Convenhamos que a última comparação seria válida em dias de preguiça.
Eu e Marcos estávamos cada dia mais próximos. Nossa diversão era maquinar maneiras de separar o casal. Eu sentia falta da minha melhor amiga e ele queria ter uma chance, aquela velha história.
Entre planos arquitetados e aulas monótonas, fugíamos para a escada de incêndio, quadra coberta, ou qualquer outro lugar discreto e deserto. Ninguém poderia saber sobre nós, não queríamos gerar boatos, muito menos frustrar as chances de Marquito com Sophi. Estávamos apenas unindo o útil ao agradável.
Apesar de, cada dia mais, eu querer Marcos só pra mim, ajudava-o em seus planos para poder ter minha amiga de volta. Tê-la de volta significava estar longe de Marcos, não importava, eu não sabia mais de nada.
Foi então que eu e Marcos tivemos a brilhante ideia de cutucar o namoro na ferida. Com uma namorada tão bonita, Mauricio com certeza havia de sentir bastante ciúme se algum menino começasse a dar em cima dela explicitamente. Cansamos de bilhetinhos e admirador secreto, iríamos partir para algo mais real, só precisávamos de um cobaia. 

Continua...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Jornada



Acorda, toma banho, escova os dentes, lava o rosto, tira o pijama, coloca o uniforme, separa os livros, arruma a mala, fecha o zíper, se lamenta por ter que ir pra escola, pega o leite, põe na xícara, mistura o Nescau, passa manteiga no pão, engole tudo, sai correndo, sai de casa, entra no elevador, sai do elevador, entra no carro, pega trânsito, chega na escola, desce do carro, fecha a porta do carro, respira fundo.
Anda até a porta, dá bom dia pro porteiro, anda até a classe, dá oi, dá bom dia, curte o mau humor matinal, lá vem as aulas, a professora passou lição pra amanhã, reclama, o professor passou lição pra semana que vem, reclama, dá risada, brinca, conversa, sai da sala, vai pro recreio, socializa, volta pra sala, mais aulas, mais reclamações, saco cheio, toca o sinal.
Entra no carro, volta pra casa, almoça, toma banho, estuda pra prova, faz lição, reclama, faz trabalho, cansa, desiste, fica no computador, dorme.
Acorda, se arruma, escola, copia a lição do colega, deixa os outros copiarem as outras lições, prova, sente medo, desencana, comentários pós-prova, lição pra amanhã, aula, Deise, risadas, amizades, antipatias, mau humor, bom humor, fotos, banana no estojo, chá na mala.
Repete, repete, repete, repete...
Terceiro ano, aulas, provas, tristezas, felicidades, Salete, integração, fraternidade, festa junina, formatura, zoações, amizade, risadas, mau humor, reclamações, risadas, mau humor, reclamações, maçaneta, relógios trocados, risadas, cansaço, saturação.
Último dia, choros, despedidas, perdões, fotos, reconciliações, abraços, zoações, dúvidas, gratidão, medo, medo, medo, insegurança, lágrimas, olhos inchados, zoação, risadas, toca o sinal... saudade. Acabou, e agora? 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Aborrescente ou aborrecida?



Demorou pra cair a ficha mas em algum momento foi preciso abrir os olhos e acordar pra vida. Tentei ser, por muito tempo, só pré-adolescente. Queria ter apenas a pré-puberdade,  pré-namoradinhos, pré-broncas, pré-espinhas e por aí vai. Quando se é pequeno é bom errar, pois quando há erro, é apenas o primeiro, aceitável, perdoável. 
Infelizmente, o fenótipo e a data do RG muitas vezes não permitem a permanência eterna na pré-fase-mais-confusa-da-vida. Tive que sair da pré-adolescência e me afundar na adolescência. Uma hora a gente abre a porta e tem que encarar os draminhas, conflitos, blá blá blá... Tudo muito cansativo. 
Quando eu pensei que estava me livrando das situações que a adolescência trouxe até mim, percebi que aquilo era o mais fácil de enfrentar, agora deparo-me com a fase pré-adulta. Não sou mais uma adolescente inconsequente, também não sou um adulto responsável. Não sou adolescente nem adulto, sou nada especificado. Nada... nada, nada. Essa palavra ecoa pela minha cabeça, sou nadica de nada. 
Tenho responsabilidades mas não sou dona do meu nariz, tenho deveres mas não possuo muitos direitos. Preciso estudar pra ser "alguém na vida", por acaso sou eu Ninguém? Não posso ser alguém pelo que sou simplesmente?
Percebi que, quanto mais os anos se passam, mais eu preciso me modelar ao padrão medíocre dessa sociedade asquerosa e hipócrita. Sinto-me uma massinha de modelar nas mãos de meus professores, pais, mídia e tudo o que há em volta.
O que mais me indigna é que a minha geração consegue reunir as pessoas com o cérebro mais oco da história, com raras exceções. Adolescentes que juram fazer algo de fora do comum mas nada fazem na realidade. Procuram se sobressair por ser diferentes quando, na verdade, todos são exatamente iguais. 
Não sei mais sou apta para fazer o que sempre fiz. Não tenho mais ciência de minhas capacidades. Sinto um vazio profundo que penetra cada vez mais, vazio este que me faz a seguinte pergunta: qual a sua função? Nenhuma, pra falar a verdade. Sou só, e apenas mais uma peça nesse joguinho sem graça que se chama sociedade.
Minha cabeça é labirinto e meus pensamentos não chegam nem perto de pistas para conseguir achar a saída. Estou cada vez mais afogada dentro de mim mesma. Sim, estou aborrecida. Aborrecida por ser aborrescente. Aborrecida por não ser nada além de pré-alguma-coisa, coisa esta que eu nem sei o que é. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Da série: Primeiro amor - 9


Episódio 9

Sabem o que eu esqueci? Esqueci de me apresentar. Não disse à vocês como sou, muito menos como me chamo. Perdoem-me? Fazê-lo-ei exatamente agora. Chamo-me Lorena. Sou loira, tingida, pra falar a verdade. Tenho a mesma idade que Sophia, mesmos amigos, mesma escola... Só não tenho a mesma popularidade, beleza, simpatia e carisma. Querem saber? Sinto-me vivendo à sombra da minha melhor amiga. Quem sou eu?  Pouco importa, sou coadjuvante e assim continuarei até o resto dos meus dias.

Enfim, continuando... Acordei espantada, tive sonhos esquisitos aquela noite. Fui tomar banho pensando nos sonhos, fui para a aula pensando nos sonhos, fazia tudo pensando nos benditos sonhos. Querem saber do que se tratam? Sonhei com lábios se enroscando uns aos outros, cinturas colidindo e mãos escorregando por pescoços, sonhei com planos infalíveis que poderiam perfeitamente falir para que eu pudesse viver a minha própria história de amor. Sim, estava, pela primeira vez, me apaixonando. 
Sophia se apaixonou pela primeira vez, por que diabos eu não poderia? Tudo o que eu queria era sentir o toque de Marcos como se ele quisesse realmente tocar a mim, não como se ele estivesse imaginando outra pessoa em meu lugar. Queria muito que ele quisesse a mim, e não a ela. 
Tudo o que eu desejava era que Marcos saísse de sua sandice e prestasse atenção que tinha alguém bem debaixo no nariz dele capaz de ser dele e apenas dele. 
Não, não revelaria o meu segredo. Não abriria mão de minha amizade e dos beijos descompromissados. Decidi manter o silêncio e continuar ali, na minha estagnação ignóbil, na minha conformação por estar sempre à sombra. Chega de falar sobre mim, afinal de contas, sou coadjuvante. 
Continua...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Da série: Primeiro amor - 8


Episódio 8

A professora mandou fazermos grupos para realizar um trabalho, mais especificamente, quartetos. Eu, logicamente, ficaria no grupo de Sophi. Sophia chamou Maumau e, como sobrou uma vaga no grupo, pedi para que Marquinhos ficasse conosco. Pedido concedido. O grupo formado daquela maneira só abriu margens para que eu e Marcos tivéssemos oportunidades para realizar as nossas peripércias. Dito e feito. 
Ficamos para fazer o trabalho à tarde na escola. Não era segredo para ninguém o que Marquinhos sentia por Sophia, o olhar dele já revelava a cobiça que Marcos tinha pelo que era de Maumau. Como produto daquela arde tivemos tudo, menos o esperado: o maldito trabalho. Marcos e Maumau passaram a tarde inteira se alfinetando. Provocações daqui, críticas de lá. Eu tentava apaziguar a situação mas pouco adiantava. Sophia, despercebida como era, não notou o clima tenso que pairava sobre a sala de estudos da biblioteca. 
Marcos disse que ia ao banheiro, na verdade, o danado foi ao armário de Sophia deixar mais um bilhete do tal "Admirador Secreto", só para apimentar mais a situação. Ele estava demorando, Sophia já estava impaciente porque desejava logo começar a fazer o trabalho para poder ir embora. Fui atrás dele. 
Encontrei-o no armário, ainda. Estava claramente desnorteado, devia esar maquinando planos para afundar o namoro de Sophia e Maurício. Fui falar com ele, minha mente caiu em si e pedi para que ele desistisse do nosso plano maluco. Ele negou, iniciamos uma discussão que foi surpreendida por... 
... não me lembro muito bem como começou, só sei que, de novo, eu estava sentindo aqueles arranhões de leve por dentro da barriga, elevadores descendo e subindo ao mesmo tempo, minha cabeça mais confusa do que tudo.
Eu não conseguia entender aquele maldito garoto. Amava platonicamente a minha melhor amiga, maquinava planos para separá-la do namorado e me beijava sem quê nem pra quê. Comecei a desconfiar de bipolaridade, pensei até na alternativa de que ele pudesse ser possuído por... sei lá, capetinhas.
Depois daquele dia exaustivo e retardado, voltei para casa. Já estava escurecendo e eu estava demasiadamente cansada. Fiz minhas lições paa o dia seguinte e me deitei. Mesmo com toda a exaustão, não consegui prear os olhos. Minha mente revirava, regressava e ansiava mais beijos como aqueles... Logo, senti cheiro de perigo.
Continua...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Bicho-Papão está a caminho




Ouvimos mais o nome dele do que o nosso próprio nome. Diversas opiniões sobre esse monstrinho que assola os pensamentos de quem está prestes a enfrentá-lo. Mitos, relatos, advertências... Será tudo verdade? 
Passamos um ano inteirinho nos preparando para encarar de frente esse bicho de sete cabeças. Não sabemos se seremos bem sucedidos, só esperamos que todo o esforço valha a pena. Dias que passamos em frente aos livros, horas que poderíamos estar dormindo gastas com equações, aulas e mais aulas, noites em claro, olheiras indiscretas... Tudo faz parte do preparo "atlético" de quem vai desafiar a catraca da vida. 
Catraca da vida? Sim, isso mesmo. O passaporte para o mundo dos adultos. A saída da infância rumo à realidade nua e crua. Não há dinheiro que pague o seu passaporte, o que realmente vale é o esforço, a garra e a determinação para atingir as suas metas. 
Não há como negar que às vezes chegamos a pensar que poderíamos ter estudado mais, corrido mais atrás, feito mais simulados... não há tempo para chorar pelo leite derramado, chegou a hora de estudar o dobro, até o triplo para, se for o caso, recuperar o tempo perdido. 
Pode ser que no primeiro ano não dê certo, no segundo, até no terceiro... Mas uma hora seu esforço vai ser recompensado com o seu nome na lisa dos aprovados. O monstrinho muda de nome conforme o lugar: USP, UFPA, UFMG, UEL, ENEM... Tantos nomes para designar uma única palavra: sonho. Sonho este que pode ser realizado, depende unicamente de você.
Ele está chegando, está sim. Bate um frio na barriga, às vezes, até desespero. Rola aquela pressão vinda dos pais, professores e amigos. Todos querendo apenas viver com você a alegria de comemorar a aprovação e a vitória em mais uma etapa da vida.  
Vamos abstrair o medo e ir em busca dos nossos sonhos, estão mais perto do que imaginamos! Cada dia que passa é um dia mais próximo do Vestibular. Quiçá no final do ano poderemos comemorar juntos, jogar tinta um no outro e reconhecer que o esforço valeu realmente a pena. Assusta, mas é preciso encarar o medo e vestir a armadura para enfrentá-lo. Bem-vindo à realidade.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Desabafo



Há um tempo, como toda adolescente do século XXI, conheci esse mundo imensurável chamado internet. Comecei trocando emails com a minha melhor amiga, depois conheci redes sociais e, depois de algum tempo, conheci essa plataforma chamada blog. Sempre fui de escrever, desde muito pequenina. Foi então que resolvi criar um blog. 
A minha vontade era compartilhar com o mundo esse monte de letrinhas que vagam pela minha cabeça, queria expor meus pensamentos e tocar as pessoas através das minhas poesias. Desde sempre eu gostei de instigar, argumentar e sensibilizar. Sempre, sempre.
No começo, mal tinha acessos, ninguém além dos meus amigos mais próximos conhecia o blog. Troquei de nome, me empenhei em fazer um design atrativo, passei dias e dias estudando html para poder fazer algo que realmente chamasse a atenção dos meus leitores. Surtiu efeito. 
Postava diariamente, tinha leitores fiéis e até alguns (poucos) comentários. Várias visualizações de página e muitos elogios. Já tive que lidar com plágio, mas isso é um problema que quem mexe com o cyberworld deve estar disposto a lidarVocês não imaginam o tamanho da minha alegria ao ver que as pessoas estavam gostando do que eu escrevia! 
O problema é que, depois de muitas tentativas, tudo começou a decair novamente. Claro, postei com menos frequência, mas, mesmo quando postava o retorno não era o esperado. Será que perdi a mão? Meus sentimentos não são mais condizentes com os de vocês? Gostaria de saber o que aconteceu pra perder o que antes havia conquistado.
Um pequeno desabafo de uma blogueira desencantada,
Espero que ajudem,
Debora Vieira 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Traz de volta meu amor, por favor!


Ela é a pior dor existente
Aperta o peito sem nenhum fim
Ela é cruel e muito valente
Por que ela faz tão mal para mim?

Oh, saudade! Que corta meu peito,
Traz lembranças que quero esquecer
Oh, saudade! Não dei o direito
De me matar e me fazer sofrer

Leva pra longe de mim tua foice,
Que corta meu amor em pedaços
E traz à tona os meus desleixos

Leva pra longe de mim essa dor
Que arranca lágrimas de lamento,
Só se tiver teu amor me contento

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O fim está próximo



Depois de acordar, tomava um café da manhã bem reforçado enquanto sua mãe colocava em sua lancheira o suquinho e o biscoito pro lanche na hora do recreio. Escovava os dentinhos e vestia o uniforme, praticamente roupa de boneca de tão pequeno. As bermudas que, mesmo sendo pequenininhas não se ajustavam ao seu corpo e ficavam meio largas, a blusa do uniforme e os cabelos bem trançados presos ao final com um laço. Os livros que reduziam-se a contos infantis e tarefinhas básicas de matemática, e a mala de rodinha decorada com algum personagem de desenho animado.Chegava na escola e já saía correndo ao encontro dos seus colegas, as brincadeiras confundiam-se entre pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão, ou qualquer outra coisa que a criatividade que só as crianças têm poderia proporcionar. Tanto capricho pela matina era desnecessário, já que mais tarde ela chegava toda borrada de tinta, cabelos desgrenhados e a camisa completamente suja por causa de tanta danação.
O tempo foi passando e a menina foi crescendo, junto com ela todos os seus amigos, alguns seguiram caminhos diferentes, outros continuaram juntos. Com o tempo vieram as notas vermelhas, as broncas, as bagunças em sala que só quem um dia já passou pela escola sabe como são. Risadas incontroláveis pelos motivos mais bestas, fotos em sala de aula, danação com os professores, cópia dos deveres de casa, esboços de maquiagem no rosto para o que estava começando a se tornar uma mulher.
Entre xingamentos e lamentações, depois de um tempo ir pra escola está se tornando apenas saudade, algo que ficará na lembrança, o presente que já é quase passado. Uma vida inteira escrita dentro da classe, quase quinze anos vivendo apenas de aulas, risadas e despreocupação. Com o tempo, todos começam a entender que o glamour da vida de gente grande simplesmente não existe.
Uma pessoa que viveu sempre dentro das cercas da escola e ainda não aprendeu a conviver com a ideia de viver fora dalí, principalmente porque não sabe como é viver assim. Por mais horrível que fosse acordar seis horas da manhã, passar um rímel no olho e ir pra escola praticamente amarrada, ela prefere essa vida do que enfrentar os monstros do cotidiano dos adultos.
Está chegando ao fim, uma etapa de sua vida está terminando pra vida de verdade chegar. Daqui pra frente, como será? Emprego, obrigações, estudos triplicados, contas pra pagar... é a hora em que o passarinho sai das asas do pai e precisa aprender a voar. Deixar pra trás tudo e, de um dia pro outro, tudo o que foi sua vida se resumir em apenas uma palavra: memória.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Aconchego



Acordar pensando e dormir sonhando com a mesma pessoa. O lento arregalar de olhos que acontece pela manhã vem acompanhado pelo desejo constante da presença do outro, do simples calor emanado pelo corpo cujas vibrações fazem o coração bater mais forte e a alma se sentir completa. Se separar fisicamente com a vontade tão grande de estar juntos novamente, vontade que chega a ser maior do que si mesmo. 
O mar de afeto que é o amor une-se à mente, porque eternamente, é ter na mente. Amor eterno é terno. Ternura tão doce quanto açúcar de confeiteiro, cuja intenção é encantar com sabores a delícia que é amar. 
Toques capazes de arrepiar os pelos e passar pelo corpo como uma corrente elétrica sujeita a curtos circuitos. Mãos perdidas que se encontram em um cruzamento de dedos, cuja união reflete a vontade de obter a impossibilidade da separação.
Pensamentos capazes de provocar sorrisos e lágrimas, sejam elas de alegria ou de saudade. Ah, a saudade! Esse bichinho que não se cansa de cutucar o coração por todos os lados, fazendo com que ele fique tão apertado que o peito quase não aguenta, a ponto de explodir. 
O momento em que começa-se a experimentar a intimidade que só se tem com determinada pessoa, aliada à confiança e ao respeito. Palavras que só os dois entendem, vocabulário composto na maioria das vezes por neologismos, quase um dialeto. 
Segura a mão e não solta mais, nunca mais! Junta os peitos e sente os corações baterem simultaneamente, une os lábios e entra em sincronia até que o movimento das horas peça pra parar. Não deixa de dançar essa valsa que é amar, une as coxas e compõe o movimento. Enrosca pescoços e sente o pulsar do coração no ritmo da música. Chega mais perto, se curva como uma concha que acabou de sair do mar, redondinha. O jeito é torcer pra que o fim da música nunca chegue, aconchega.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sorte no amor


Você sabe que precisa de tudo quando quer alguém pra não precisar de mais nada. Sorte no jogo ou azar no amor? Vice-versa? Mas não seria o amor um jogo? Intrigante, sedutor, viciante e astuto, é ele: o Amor. Não se sabe se é jogo ou jogador, a única certeza é que quanto mais se joga mais vontade se tem de permanecer horas e horas, meses e meses... quanto tempo for preciso para aprender a jogar esse tal jogo. 
Sucesso mundial, seja nas bilheterias ou na vida real. Abraços tão apertados que parecem se compactuar em nunca mais sair de lá. Beijos calorosos, palavras fervorosas. Precisar de alguém para não querer mais ninguém, é basicamente isso. Amor recíproco: a peça principal, xeque mate.
Acordar pensando em uma pessoa e dormir sonhando com ela. Estar satisfeito em simplesmente estar na beira da pia lavando louça enquanto conversa com quem faz aquele momento interminável. Sentar no sofá e assistir os programas de televisão de domingo sem reclamar, apenas sentindo os braços mais acolhedores envolvendo a cintura de quem passou a semana inteira esperando por isso. Usar um vocabulário totalmente único, só os dois entendem e até parece meio ridículo aos ouvidos de quem escuta e nada compreende. Horas a fio no telefone sem enjoar de ouvir o silêncio do outro quando não há nada a se falar. 
Se há alguma briga, só serve para puxar mais o nó que une o casal. Fortalecer, amadurecer. Aprender com os erros e, depois da tempestade, ver que o arco-íris torna a aparecer e mostrar que, às vezes, quando menos se tem esperança é que as coisas vão melhorar. Entender que o outro também tem defeitos e além de amar as qualidades, ama-os também. Aprende a conviver com eles e entende que se não fosse por eles a pessoa amada não seria a mesma.
Coração irrequieto bate no peito, saliva que mata a sede da alma e da boca, boca que mata a vontade dos beijos. Braços que se enrolam e desenrolam e o pensamento que pede cada vez mais uma gotinha de amor. Droga viciante, jogo alucinante. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Da série: Primeiro amor - 7

Episódio 7


Enquanto Maurício mordia os beiços com ciúmes de Sophia, seu concorrente dava um passo à frente a cada dia. Os bilhetinhos anônimos deixados entre os pertences de Sophia realmente estavam surtindo efeito. A cada dia Marcos deixava um vestígio de que ele era o anônimo, pena que Sophi era muito lesadinha para entender as pistas.
Um dia a letra da carta, no outro, o perfume borrifado no papel, no outro, a citação de alguma frase que Sophia gostava bastante... Assim Marquito ia avançando, e por incrível que pareça, estava conseguindo alcançar seu objetivo: deixar Sophia confusa.
Entre os beijos que Sophia dava em Maumau, havia aquela dúvida: quem era o anônimo apaixonado? Por que ele não se revelava? Sophia vasculhava sua memória para saber de quem era aquele cheiro que os papéis das cartas possuíam. Ela conhecia mas não se recordava de onde, de quem.
O grande problema de toda a situação era que mesmo Sophia estando confusa e demonstrando estar, ela não assumia e não diminuia o tempo que passava ao lado de Maumau. Isso dificultava o meu trabalho e de Marquinhos, que estava mais determinado do que nunca.
Estávamos na hora do intervalo, no pátio. Sophia sentada nas mesas da cantina com Maurício, os dois afogados naquela melação usual. Enquanto eu e Marquinhos estávamos na direção deles, ao redor da árvore central da escola. Conversávamos normalmente, como todos os dias, até que uma sensação assustadora tomou conta do meu corpo inteiro, perpendicularmente a isso, um frio na barriga, um arrepio nas pernas e um ponto de interrogação em minha cabeça. Marcos estava me beijando. Eu senti uma tremedeira, uma fogueira se acendeu na minha barriga e o mais incrível era: eu estava gostando.
Depois do beijo inesperado, a minha cara de “quê?” era mais nítida do que o céu azul em uma manhã de verão sem chuva. Depois dalí, não ousei perguntar para Marcos se havia algum grilo desesperado que acabou deixando tudo desarrumado dentro da cabeça dele. Fiquei quieta, na minha.
Sophia nos olhava pelos cantos dos olhos. Não demonstrava emoções, apenas havia deixado de lado qualquer vestígio de amor cheio de mel, e seu rosto passou a ser ocupado por uma expressão de ameaça, indagação... ciúmes. 
Continua...

Da série: Primeiro amor - 6


Episódio 6

Pra falar a verdade, Marquinhos não sabia que o site que ele havia acessado era o de Sophi. Ele não sabia, mas eu sabia. A partir daquele momento minha cabeça começou a maquinar sem parar e eu me perguntava: conto ou não conto sobre o anônimo para Sophia? Minha decisão: não contar. Decidi fazer de mim uma peça neutra, não queria atrapalhar nem ajudar nenhum dos dois, por mais que eu continuasse achando Maumau um tanto quanto bizarro.
Foi o desconsolo amoroso de Marcos que fez com que nós nos tornássemos mais amigos. A tristeza por não ser amado e a minha falta de influência sobre a vida de Sophi promoveram a aproximação entre mim e Marcos. Foi então que lanchávamos juntos, almoçávamos, estudávamos, ríamos, conversávamos... Eu não sabia se nós havíamos nos tornado novos melhores amigos, ou se havíamos apenas unido o útil ao agradável.
O amor entre Sophia e Maurício parecia estar em ritmo de crescimento constante. Os dois eram como chiclete e sapato, não se desgrudavam. Maurício passou a demonstrar a sua sensibilidade a partir de gestos carinhosos, bombons inesperados e beijinhos de bom dia. Sophia parecia estar cada dia mais apaixonadinha. Era seu primeiro amor, sua primeira aventura, seus primeiros frios na barriga antes de ver o amado. Enquanto isso, os meninos suspiravam de descontentamento por sentirem vontade de chutar Maurício e tomar o lugar dele.
Marcos e eu não nos contentamos em apenas assistir aquela melação amorosa. Foi aí que decidimos tomar uma atitude, aliás, eu decidi. Contei para Marcos que a dona do site em que ele havia desabafado há um tempo atrás era Sophia. Marcos teve a reação inesperada de ter a ideia não tão brilhante de começar a postar no site de Sophia, e tentar fazer ela se apaixonar pelo anônimo.
Decidimos começar o plano talvez não infalível imediatamente, eis aqui a primeira postagem anônima:
Eu já sei quem é a autora desse blog. Já sei quem é você, também sei como me encanta vê-la todos os dias, além disso, sei como é difícil vê-la e não poder beijá-la. É difícil saber quem você é, amá-la há muito tempo, e não ter todo o amor que dedico a você de volta. Não citarei seu nome porque não quero desvendar a sua identidade, mas saiba: eu já sei quem é você.”
Desde então, além dos posts anônimos diários no site de Sophia, vieram rosas em seu armário, bilhetes em sua carteira e presentes inesperados. Todos anônimos. Maurício? Ah! Esse não gostou nada da ideia de ter um concorrente mascarado.
Continua...

terça-feira, 13 de março de 2012

Porto seguro



Parti, fui rumo à esse amor que me cegou e fez de mim um sonhador. Deixei ir, lancei ao vento o que era sem valor, recebi em troca o verdadeiro sentimento do amor. Esse mar de ondas turbulentas, ventos inconstantes e beijos apaixonantes fazem de mim um escravo do irreal. Sentimento sobrenatural que me domina e alucina, tortura e acalenta. 
Ondas de paixão que fazem transbordar o coração. Tempestades capazes de afundar qualquer embarcação. Amor que transborda mas não enche, não engasga, não entope. Amor colocado para fora através de águas violentas, turbulentas, malucas, amantes. Vem amor, vem pra mim. Vem impestuosa, desmedida. Vem e mergulha nesse mar de corações roxos de tanto te amar.
Teus cabelos esvoaçantes me encantam só de olhar, esse cheiro de maré e teus olhos refletindo o brilho do sol. Vem amor, vem pra mim. Vem com amarras, nós de marinheiro. Vem e me prende em teus cabelos, quero estar laçado a ti assim como os navios são amarrados ao cais.
Teu vestido rodado que se movimenta graciosamente enquanto te observo. Vem amor, vem pra mim. Vem com teus tecidos e faz deles as velas para a minha nau. Preciso navegar contigo, sem destino certo. Não quero bússola nem biruta, quero apenas ir para onde a maré mandar.
Esse peso que meu coração sente e se prende a ti, ele é seduzido como um imã, procura pelo seu polo oposto para se unir. Vem amor, vem pra mim. Vem como uma âncora que me prende onde quiseres, quero apenas estar contigo, sozinho. 
Não importa para onde, quero apenas estar seguro no aconchego do teu colo, sentindo o passar dos teus dedos pela minha cabeça, até que a minha boca procure pela tua e te dê beijos inebriados de paixão. Quero sentir tua pele aveludada encontrando as minhas mãos desajeitadas. Sinto vontade de te ter em todos os momentos, quero sentir o toque dos teus lábios em meu pescoço, e a tua voz em meu ouvido me pedindo pra ficar mais um bocadinho de tempo. 
Minha imaginação viaja e quer parar apenas no porto, no teu porto. Eu já parti, agora só falta você; Vem amor, vem pra mim. Vem sem quebra-mar, porque eu não me canso de te amar.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Da série: Primeiro amor - 5



Episódio 5

Não houve jeito nem obstáculo, lá estava Sophia beijando o novo moço da escola. Lábios que se entrelaçavam como se tivessem um perfeito encaixe. Suas mãos deslizavam pela cintura de Sophia, e as de Sophi transitavam entre o pescoço e abraços discretos. Em meio a tanto romance, eu ficava completamente pasma e intrigada com a habilidade dos dois de se manterem em cima dos patins de gelo mesmo em meio àquela situação.
Depois da patinação, tínhamos o mais novo casal formado: minha melhor amiga e o rapaz dos cabelos desgrenhados. Não sei se era por mau gosto ou falta de lucidez, enfim, isso pouco importa.
Para os que não sabem, Sophia tinha um endereço na web, uma espécie de conselheira amorosa... brega? Sim, concordo. Ela mantinha aquilo em segredo, ninguém sabia que quem estava por trás do site era ela, nem eu mesma sabia direito, só conseguia pegar por alto e deduzir as coisas. 
Existia a opção de se enviar uma mensagem anônima ou identificada, mas normalmente Sophi recebia anônimos porque as pessoas não são muito fãs da exposição de seus conflitos amorosos. Depois de dias sem receber mensagens, finalmente a caixa de entrada do site da conselheira amorosa apitou. Não havia nada demais escrito, mas uma atenção maior foi dada ao escrito pelo fato de o site ter sido pouco visitado nos últimos dias. A mensagem em questão dizia:
"Amo e não sou amado... sei que você já deve ter lido muitas mensagens dessas aqui, mas realmente não sei mais o que fazer. O meu desconsolo amoroso chegou ao ápice, minha amada arranjou um par, e este não sou eu. Gostaria realmente de receber um conselho, uma ajuda, ou um tapinha nas costas... brincadeira! Hahahaha, bjs"
Sophia gostou do bom humor. Comédia trágica, mas um desconsolo amoroso tratado com comédia é bem melhor do que aquele tratado com barras de chocolate e lágrimas em abundância. Se bem que chocolate sempre vai bem, enfim, vocês entenderam.
Sophia me contou sobre a mensagem recebida, mas já era de noite e o que eu mais queria era dormir para ir à aula no dia seguinte. Aliás, não para ir à aula, e sim para conseguir aguentar aquela cruz chamada colégio. 
No outro dia, Marquinhos veio falar comigo de canto. Com a distância que havia entre ele e Sophi, sobrou quem para ele desabafar? Euzinha. Quer dizer, quando sua melhor amiga é a menina mais cobiçada da escola, e você é amiga dos meninos que gostam dela, pode ter a certeza de que eles vão desabafar com você, falar como ela é linda e maravilhosa e como o seu andar encanta e blá blá blá. Se isso ainda não aconteceu com você, vai acontecer.
Marquito disse que não suportava ver Sophi com o moleque novo, não suportava ver as mãos dos dois dadas, quando na verdade os dedos que deveriam cruzar com os dela deveriam ser os de Marcos. Dizia que queria fazer carinho nos cabelos dela, e poder dizer que sempre a amou e ser correspondido. Até que ele fez uma confissão: ele se sentia invisível para Sophia e como não tinha para onde correr, na sua tarde na internet ele visitou um site de uma conselheira amorosa e mandou uma mensagem para ela, esperando alguma ajuda. Para mim era um caso desvendado, mas para Sophi um enigma estaria por vir. Minha decisão: ficar quietinha e não falar nada para ninguém.
Continua...

Paralelismo



Quero ser eu,
Mas não eu em um só,
Tenho mil ideias, muitas convicções e um milhão de dúvidas
Mas pode ter certeza de que uma coisa eu sou:
Paralelo

Se milhares de fios de cabelo constituem minha cabeça,
Dez dedos minhas mãos,
Duas orelhas, olhos e uma boca,
Além de todas as inúmeras células que constituem meu corpo,
Por que razão eu preciso ser um só?

Não, isso não é uma síndrome de Fernando Pessoa,
E sim uma overdose de mim mesmo
Com gostinho de quero mais

Sei que posso mais,
Sei que espero mais de mim
E sei mais ainda que quero,
Quero (e posso) ser vários "eus"

Não preciso sorrir e virar o sorriso de ponta cabeça para ficar triste
Não preciso ter um único rosto, um único gosto, ser um único eu indivisível
Eu sou eu de trás pra frente, de frente pra trás, do avesso
Sou eu, milhões de "eus"

Posso ser mil coisas paralelas,
Posso fazer de tudo um pouco
E de um pouco tudo,
Para assim fazer com excelência

Posso escrever e desescrever,
Vasculhar o passado para construir o meu futuro
Compor músicas e arruinar melodias
Eu posso ser todo eu em tudo, tudinho

Quero mais paralelos,
Mais oportunidades
E acima de tudo: mais vontade
Vontade de ser eu sem cansar,
Pra não virar o bicho humano,
Sou ser humano.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"Quando cruza a Ipiranga com a Av. São João"


Terra da garoa para todos, floresta de concreto para os recém chegados, ou Sampa para os mais chegados... Chegados, achegados ou aconchegados. Entender a dinâmica da maior metrópole do Brasil não é nada fácil para quem acabou de chegar.
O som da sinfonia são buzinas impacientes e constantes, o palco é o asfalto e os artistas, de rua. Pintados de prata, ouro ou bronze, estátuas humanas encantam quem passa. Aguentam horas e horas pela sua arte, ou melhor, necessidade.
Destino de muitos, todos cansados de sua rotina depositam em São Paulo a esperança de poder ter mais, ou ser mais. Criam a expectativa de chegar aqui e crescer, conquistar seus objetivos. Chegam e junto vem o espanto de estar na maior cidade do Brasil. O encontro das mais diversas culturas, da Liberdade à Móoca. A cultura oriental interagindo com a italiana e acolhendo a boliviana, a brasileira se forma pelo misto de todas essas. 
Meninas-mulheres crescidas. Pequenas, mas grandes dentro de si. Em sua maioria, estão bem longe de qualquer regrinha básica de etiqueta, elas encantam pelo jeito natural de ser, discretamente deselegantes, como bem traduziu Caetano em sua melodia. Crescem pela necessidade de serem grandes, nem sempre pela vontade. 
Filas e filas, seja pra pegar ônibus, pagar conta, no caixa do supermercado ou tomar uma injeção na testa... é preciso estar sempre armado de boa paciência para enfrentá-las. A pior das filas é a garagem a céu aberto, mais conhecida como engarrafamento. Carros parados andando a um centímetro por minuto. 
Centros comerciais agitados e tentadores, trazem à São Paulo consumidores de todas as áreas e com todos os gostos, o "fim de feira" constante. As luzes que não se apagam, a cidade vive em uma insônia interminável. Essa é minha São Paulo... de todos nós!
Arte no metrô, onde a população pode mostrar seu talento de forma irreverente e descompromissada. Passeios pela Paulista para admirar o que foi feito pelas mãos humanas. Arco-íris e estrelas muitas vezes camuflados no meio de tanta fumaça. Idas ao shopping Cidade Jardim, para passear e nem sequer cogitar a ideia de comprar algo além de um refrigerante. As vielas nas favelas que a muitos encantam, mas trazem consigo sonhos e realidades cruéis. E por aí vai... quer vir pra Sampa? Boa sorte! Mas antes, uma dica: quando quiser fugir do cimento vai pro Ibira!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Da série: Primeiro amor - 4




Episódio 4

Dito e feito. Programa marcado, todos no shopping às 19h30, rumo à patinação no gelo. Só faltava chamar o esquisitão. Confesso que escolhemos patinação no gelo por um motivo muito nobre: desincentivá-lo à comparecer no programa, é claro.
Olhando bem para o dito cujo, com aquelas roupas folgadas, munhequeiras estranhas, fones rock'n'roll e cabelo de Curupira (fora o vermelho, o menino não era tão esquisito assim), tínhamos quase certeza de que ele não patinaria no gelo. Não sentiria vontade de ir e inventaria uma desculpinha esfarrapada qualquer para Sophia.
Era sexta, tínhamos marcado encontro na praça de alimentação, em frente à nossa lanchonete preferida. Dudu chegou primeiro, depois eu, Marcos, e assim por diante, até chegar a maioria da turma. Sophia foi uma das últimas a chegar e trouxe consigo uma companhia: Maurício.
Não é que o menino estranho resolveu ir? Talvez Sophi com sua conversa tivesse conseguido convencer aquela estranha criatura de que fazer contato social às vezes poderia ser bom. O preto predominava. Munhequeiras roxas, cabelo desgrenhado (como o de costume), tênis sujo e calças folgadas. E em pensamento eu me perguntava: cadê a senhora sua mãe que te deixa sair assim de casa, critura?
Hora de calçar os patins. Todos ansiosos para desenhar o risco de seus passos no gelo. Entramos na pista e o inesperado aconteceu: Mau sabia patinar. Aliás, humilhava todos nós com tanta habilidade. E Sophia estava mais derretida do que gelo em país tropical, eu não conseguia crer em ambas as coisas.
Desistimos de tentar boicotar o novato e aproveitamos a patinação, já que era o que nos restava fazer. Eram corridas para um lado, trenzinhos para outro, e de vez em quando uma queda cômica para animar o pessoal. Sophi estava distante. Aliás, distante de nós, próxima a ele.
Tudo se acalmou, estávamos estafados de tanto patinar. A pista era grande e tinha uma parte em que faltava iluminação. Típica pista de patinação no gelo de shopping de classe média. Cansamos, sentamos e ficamos alí trocando uma ideia, conversando e rindo, como sempre. Até que demos falta da estrelinha do time: Sophi. Olhamos em volta e não a encontramos. Até que nossos olhos foram para o cantinho escuro da pista de patinação: lá estava ela, com os lábios entrelaçados aos do novato. 
Continua...

Da série: Primeiro amor - 3


Episódio 3

Depois daquele dia, Sophi ficou esquisita. Não era mais a mesma coisa, nem comigo, e nem com o resto do pessoal. Trocávamos cumprimentos educados pela manhã, mas não descíamos mais juntas para o recreio. Puro drama, reconheço. Mas o que seria da adolescência sem as histórias melodramáticas e exageradas? Ah, fazer o quê? Queria ficar de doce, então deixei ficar.
Todos os meninos a quem o cupido presenteou com a flecha de Sophia não eram correspondidos, disso todos já sabem. Agora estavam eles cada vez mais distantes da amada. Sem competição interna, sem jogos de futebol no recreio, sem nada. Sophia estava realmente esquisita, motivo? Nenhum.
Mas uma coisinha reparamos nessa desaproximação: Mau e Sophi estavam cada vez mais amigos. Faziam duplas nos trabalhos, ficavam juntos no intervalo, e até compartilhavam os fones de ouvido. Acreditem! Era a perda de lucidez da Sophia, estava maluca! Eu e mais um ataque melodramático. Ok, ela só estava afastada dos amigos antigos e fazendo amizade com o menino novato, qual o problema?
Acontece que Marquinhos não aguentou o gelo e foi falar com Sophi. Primeira paixãozinha, sabe? Era isso que Sophia era para Marcos, mas tadinho, não recebia o mesmo sentimento em troca. Em troca do amor que ele declarava sentir por Sophia ele recebia algo mais insosso e com menos pimenta: amizade. Ora, me digam o que é pior do que receber amizade em troca de um amor?
Se você ama e a pessoa amada te odeia, é bom. Pelo menos conserva um pouco da emoção. Ela te odeia, ou você provoca para chamar a sua atenção, ou cultiva o mesmo sentimento por ela. Ou os dois né, tem doido pra tudo. 
Mas enfim, chega de lero-lero e vamos voltar ao assunto. Marquinhos não aguentou aquele gelo todo, preferia ter beijos negados do que aquela distância entre ele e a cheia de graça. Foi conversar com a moça.
Começou dizendo que sentia sua falta nos jogos de futebol, depois disse que marcou um gol e dedicou a ela, e assim foi levando a conversa até chegar no dia em que a moça aborreceu-se e abondonou a mesa em que os amigos estavam e... enfim, vocês já sabem a história. Perguntou a ela o que tanto a incomodou no comentário feito por mim.
- Ora Marquito, você sabe bem como sou. Gosto de novas amizades, gosto de conhecer gente nova, qual era o problema em deixar o menino sair conosco? Ele é gente boa, vocês só não deram oportunidade para ele mostrar isso... (Blá blá blá)
Sophia gosta de falar, imagino que Marcos tenha ficado com os ouvidos calejados de tanto escutar aquela menina falando. E como um bom apaixonadinho de escola, lá veio Marcos pedir pra turma deixar o novato sair com a gente. E como quem pedia era Sophia, não restavam dúvidas de que todos concordariam.
Continua...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Da série: Primeiro amor - 2



Episódio 2

Maurício não fazia o estilo de menino mais popular da escola, muito menos de artilheiro do time de futebol. Pelo contrário: era um perna-de-pau e ainda por cima, antissocial. Chegava na escola usando fones de ouvido e não os tirava a não ser que fosse pra conversar com Sophi ou com alguém que ele julgasse ser bacana. Na maioria das aulas, dormia. Na educação física só não dizia que estava com cólica porquê seria muito absurdo. E no intervalo raramente descia, preferia ficar na classe escutando aquela gritaria que ele chamava de rock.
Eu e Sophia descíamos e ficávamos com a turma. Quando não estávamos conversando, ela estava jogando bola e eu, provavelmente, lendo algum livro na arquibancada. Eu era amiga da molecada, mas não amiguíssima, compreende? Saía, dava risada, brincava... mas nada que me fizesse ir para o meio da quadra jogar basquete ou tentar acertar a bola no gol. Eu era bastante descoordenada, confesso. 
Os dias passavam devagarinho até chegar o sempre bem-vindo final de semana. Todas as sextas saíamos, não importa pra onde fosse. Era eu, Soph, Dudu, Marquinhos, Lucas... e quem mais fosse convidado. Já era quinta e ainda não sabíamos o que fazer na sexta-feira. Dudu cogitou pizzaria, Marcos queria cinema, PP sugeriu churrasco... calma, Sophia não tinha falado nada ainda? Ela estava com aquela cara de pensativa, até que: 
- Galera, se dessa vez a gente chamasse o novato? Disse ela.
Todos ficaram com cara de ponto de interrogação. Mau não era amigo de quase nenhum dos meninos da turma, nem das namoradas dos que tinham namorada, e muito menos meu amigo. Sophia não conversava muito com ele há alguns dias e... o que ela tinha na cabeça? O menino era estranho e não fazia a mínima questão de ser nosso amigo. Não, não queríamos sair com ele. 
Não por preconceito, nem por nada do gênero. Mas pelo simples fato de não querer. Oras, podíamos não querer. Podíamos simplesmente não ter ido com a cara dele, não éramos obrigados a abrigar na nossa turma todos os novatos sem grupo da escola. Não consegui me conter e disse:
- Sophi, você realmente acha que essa é uma boa ideia?
- Ora, mas por que não? Ela disse.
- Sophi, ele não é nosso amigo, não anda com a gente e nem se esforça minimanente pra se aproximar,  por que tentar se aproximar dele? Você mesma sabe que ele não gosta das mesmas coisa que nós...
- Ai! - rebateu em tom irritadiço - Vocês mal conhecem a pessoa e já querem opinar? Já dizem se ela gosta disso ou daquilo? Pois fiquem sabendo vocês que dessa vez eu não quero sair com vocês!
Sophia se levantou da mesa da cantina em que estávamos e foi embora, sem alguma companhia. Trocamos olhares duvidosos, mas ninguém resolveu quebrar o silêncio.
Continua...

Da série: Primeiro amor


Episódio 1

Quem sou eu pouco importa, de onde vim, menos ainda, e o que faço? Bem, fazer constantemente eu não faço nada, mas de vez em quando me pego fazendo uma coisinha aqui e outra acolá. Por exemplo: agora eu escrevo, conto essa história que tanto gosto, mesmo sendo uma mera coadjuvante da mesma. Entre letras dedilhadas no teclado eu fico me indagando: como vou começar a contar essa história? Não faço a mínima ideia de como apresentar personagens, lugares, etc e tal. Quer saber? Vou fazer como minha mãe fazia quando eu era pequena, começar com aquele velho clichê do "Era uma vez". Pois bem:
Era uma vez uma escola, eu (como todos os outros estudantes) era obrigada a frequentá-la todos os dias úteis da semana. Ia sem a menor vontade, praticamente fincava o corpo na cama e ai de quem tentasse me tirar de lá. Era um chororô danado. Até que eu me dispunha à boa vontade de levantar, me trocar e finalmente ir à (maldita) escola. 
Chegando lá a coisa mudava de figura, aquele doce todo era a mais pura preguiça impregnando o meu corpo. Encontrava aquele menino bonitinho, as patricinhas irritantes, professores chatos e a minha melhor amiga: Sophia, a protagonista. Sophi, Sophi... Encantava todos os garotos com seu jeito meio avoado e suas enormes madeixas castanhas. Um rostinho delicado e decorado de sardinhas sutis. Aqueles olhos enormes e intensos. E o corpo? Ah, esbeltoe curvilíneo. 
Sophia era o sonho de todos os meninos, mas não queria saber de nenhum deles. Dava uns beijinhos aqui e alí, mas nada que saísse das escadas de emergência da escola ou das cadeiras acolchoadas do cinema. Marcos, Bruno, Dudu, Pedro Paulo... todos vidrados na minha (só minha) melhor amiga.  
Sophia era a típica garota que não pensava duas vezes antes de calçar uma chuteira e se meter no campinho com a molecada. Sabia jogar truco e também entendia de carros. E além disso, não deixava de ser uma mocinha encantadora que não abria mão de um bom rímel para ressaltar o olhar e um blush para deixar as bochechas mais coradas.
Já estávamos na metade do primeiro semestre quando aquele aluno novo entrou. Era aula de biologia, aula da professora Samantha. Já tínhamos terminado o estudo sobre o reino Animalia e a professora iniciava a explicação sobre botânica quando o menino novo bateu na porta e pediu pra entrar. Estava atrasado e a prof fez cara de quem não gostou do atraso, mas deixou o novato entrar. O dito cujo chegou, foi direto para o fundo da sala. Ele era esquisitão, misterioso. Usava um corte de cabelo meio arrepiado, sabe? O cabelo era tão grande que chegava até a esconder um pouco os olhos. 
Sophia me olhou com aquela cara que eu bem conhecia, estava transbordando de curiosidade. É claro, quem não imaginaria aquela maluca doidinha pra conhecer melhor o menino novo? Simpática como só ela sabia ser, foi lá falar com o esquisitão. Entre perguntas, piadinhas e risadas, Sophia tinha feito mais um amigo novo: o Maurício, vulgo Mau.
Continua...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Imutáveis




Imagine alguém sentado na beira da estrada, assistindo o movimento dos carros. Vê carros indo e vindo, lugares diferentes, destinos incertos, mas eles se movem, continuam se movendo sem nunca parar. Passa um moço em uma bicicleta, outro montado em um cavalo, são bem mais lentos que os carros, mas continuam se movendo. E os olhos que assistem tudo isso continuam lá, imóveis.
Imagine então uma pessoa olhando pela janela, observando a dança das ruas, o movimento das pernas e ouvindo o ruído de vozes aleatórias. Essa pessoa não sai da janela, apenas olha, observa. Ela fica alí por horas e horas, não se sabe se ela está cansada de olhar, a única coisa que sabemos é que ela está alí há muito, muito tempo.
Assim vejo as pessoas que não evoluem, não saem do lugar. Apenas observam o que acontece, sem avançar ou retroceder. Estes para mim são os imutáveis. Não sentem vontade de subir se quer um degrau na vida, avançar um metro ou apenas levantar da beira da estrada e seguir seu caminho, caminhando. Não importa quão lenta seja a evolução, o que importa é evoluir.
Vejo pessoas que desde que as conheci são da forma que são. Falam da mesma maneira, têm as mesmas coisas, as conversas são as mesmas... não reconheço nenhum sinal, por menor que seja, de terem evoluído.
E também reparo naquelas pessoas que correm atrás. Podem estar na estrada sem carro, cavalo ou bicicleta, mas querem chegar logo ao seu destino, por isso correm. Cansam? Claro que sim, nenhum pulmão é bom o bastante para correr constantemente. Mas essas pessoas têm força de vontade o suficiente para continuar correndo atrás dos seus objetivos. Elas abandonam a janela, descem as escadas sem cansar nem tropeçar e vão para fora. Não querem ser os olhos que observam a imagem e a moldura, querem ser a imagem alí presente. Sentem a necessidade de participar da sincronia das ruas e não têm vergonha de esconder a sua insatisfação com a zona de conforto.
Realmente, no meio de uma corrida para o sucesso podem haver tropeços, e convenhamos: é muito mais confortável continuar acomodado e apenas observar a pessoa caindo (e criticá-la), do que estar com os joelhos ralados e ter que continuar andando.
Os imutáveis normalmente fazem questão de parecer coitados aos que os rodeiam. Coitados por não ter, ou não ser. Mas esses não se esforçam minimamente para conquistar algo, esperam que o vento da estrada traga ao acaso algo que lhes agrade. Se vier, é bom, se não, o jeito é reclamar e continuar esperando pela sorte.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Álbum de recordações


Rever fotos antigas é algo que todos fazem, inclusive eu. Vira uma página, volta duas, e assim vou seguindo na minha atividade: gerar saudade. Entre uma página e outra eu encontro aquele tio de quem não lembro o nome ou aquela tia chata que apertava minhas bochechas e perguntava: e aí, já virou mocinha? Eu sempre ficava irritada (apesar de não demonstrar), eu era a típica menina que tinha todas as Barbies de todas as coleções, e nem pensava em trocá-las por soutiens e absorventes.
Ah! Que delícia era a minha rotina: acordar, brincar, correr, pular, dançar, passear e estudar. Até ir pra escola se tornava divertido naquelas condições. Lembro-me de mim pequenininha, magricela e cabeluda. A minha única obrigação era ser uma criança feliz, independente de como eu fizesse isso. 
As tardes de segunda, quarta e sexta-feira eram as minhas favoritas. Eram os dias em que eu fazia o meu coque (meio torto, mas eu já me sentia grandinha o suficiente para fazê-lo), vestia minha meia-calça cor-de-rosa, collant e colocava as sapatilhas na maleta, destino: aulas de ballet. Adorava! Girava, saltava, dançava conforme a música e também conforme o coração. Uma menina cheia de sonhos, com um estoque de sapatilhas e uma agenda de apresentações de natal.
Havia também as aulas de violino e os dias de concerto. Era hora de colocar a camisa branca e a sainha preta e me sentir uma musicista nata. Os ensaios do grupinho de flauta e no final do ano, do coral natalino. As apresentações gigantescas e em vários lugares da cidade. Eu me sentia uma verdadeira celebridade.
Adorava viajar, principalmente quando o destino era a praia. Aquela água que ia e vinha me deixava totalmente intrigada, ela era cheia de ondas com espumas branquinhas. Eu era uma artista muito bem preparada, fazia castelos de areia como ninguém. E no final do dia, com toda aquela areia eu praticamente me transformava em uma miniatura de menina à milanesa.
Os almoços na casa do vovô e da vovó, e os passeios na praça com o titio. Os clássicos da Disney eram assistidos até a fita VHS não aguentar mais rodar os mesmos filmes. O meu preferido era "A Branca de Neve", o apelido é usado pelo meu avô até os dias de hoje, uma maneira de me sentir aquela garotinha novamente. E quanto o filme terminava, era hora de rebobinar e começar tudo outra vez.
Minha casa, como o clichê indica: o melhor lugar do mundo. A casinha de madeira colorida no quintal, meu conjuntinho de mesas e cadeiras cor-de-rosa, meu balanço e minha gangorra. Sem contar com a minha bicicleta e todos os outros brinquedos que toda criança gostaria de ter, além da felicidade de não ter preocupações de gente grande. Uma criança que gostava de ser criança, e queria ser como Peter Pan, eternizar a infância em todas as fases da vida.
Adorava todos os meus cachorros, mas havia uma que era especial: a Kim. Não houve e não haverá no mundo um cachorro que seja se quer parecido com ela. Brincava de pega-pega, esconde-esconde, todas as brincadeiras propostas a ela eram aceitas. Kim era guardiã, amiga, companheira e brincalhona. Tomava banho de chuva e subia as escadas da minha casinha de madeira como se fosse um ser humano. Chegar em casa era a maior alegria, ela me enchia de lambidas inebriadas de cumplicidade. Sem falar todas as peripércias que já fizemos juntas, segredo nosso!
Queria eu que existisse uma máquina do tempo, ou qualquer outra maneira de voltar ao passado e matar todas as saudades. Um jeito de estravasar essa angústia gigantesca que hoje eu sinto ao lembrar daquela felicidade, e saber que como era, nunca será novamente. Quiçá um dia eu possa proporcionar aos meus filhos uma infância como a minha, e que eles possam lembrar dela da mesma forma que eu lembro de como era ser criança: cheia de lágrimas nos olhos, por saber que tive a melhor infância do mundo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tudo novo, de novo

Ele começou, o tão esperado chegou. Demos as boas-vindas de branco, azul, amarelo, verde, vermelho, rosa... multicoloridos de aspirações positivas. Chegamos ao final de cada ano saturados daquela rotina massacrante de desejar e não ser atendidos, sonhar e não realizar. Mas além desse gosto amargo que nossas papilas gustativas são obrigadas a saturar, o final de ano nos tráz esperanças mais verdinhas que as folhas da primavera. O otimismo entra sem ao menos tocar a campainha ou bater na porta. Nem convidado é, mas não se importa com regras de etiqueta, invade mesmo assim. 
Descarregamos as nossas expectativas em cima do recém nascido, neste caso, o nomeado "Dois Miledoze". Ele vem novinho, e já carrega uma carga pesada de obrigações: satisfazer as especulações alheias. E se não o faz, oh! Coitado, é xingado e maldito até adormecer, quando o seu sucessor chegará.
Trabalhamos arduamente para dar tudo certo no dia trinta e um de dezembro. Há aqueles que procuram dias e dias pela roupa ideal, e que seja possível transmitir através dela seus desejos para o ano que vai nascer. 
Outros preferem depositar as esperanças na comida, fazem simpatias e ainda aproveitam uma boa comilança. Entre tantos outros, tem aqueles que simplesmente cruzam os dedinhos e torcem para tudo dar certo, sem muitas forças para acreditar que o ano que chega será diferente. 
Tudo foi muito bem preparado para a chegada dele, sua missão é fazer jus a toda a confiança nele depositada. "Caminhando e cantando e seguindo a canção", é assim que iremos percorrer os novos caminhos traçados por dois mil e doze. Esperamos que os caminhos sejam floridos, e as canções a serem cantadas, agradáveis e contagiantes, para que os que não cantam saiam da melancolia e possam caminhar conosco. 
Ele chegou, não está com uma aparência muito atrativa para depositar todas as apostas. Apesar disso somos como aqueles que jogam na Mega Sena todas as semanas, com uma esperançazinha de ser o próximo milionário do país. Portanto, 2012, traga consigo não só o que corresponda às expectativas pequeninas de alguns, mas sim algo que surpreenda à todos. Para os que esperam muito, sejam correspondidos, e os que pouco esperam, surpreendidos. Estamos aqui depois de anos de experiência, tudo novo está, de novo.